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Antigos diretores do jornal de Hong Kong Stand News condenados por sedição

O tribunal de Hong Kong condenou esta manhã Chung Pui-kuen e Patrick Lam por conspiração devido à publicação de artigos que, considera a Justiça, contestavam a autoridade chinesa. A pena é conhecida a 26 de setembro. EUA falam em repressão à liberdade de imprensa.

 Chung Pui-kuen e Patrick Lam, ex-editores do antigo jornal Stand News.
Reuters.
29 de Agosto de 2024 às 13:40
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Já foi o maior meio de comunicação social online de Hong Kong. A 29 de dezembro de 2021, as forças policiais invadiram a redação do Stand News e prenderam os dois diretores, Chung Pui-kuen e Patrick Lam, por alegadamente editarem e/ou autorizarem a publicação de 17 artigos que as autoridades consideraram sediciosos, ou seja, que conspiravam com forças estrangeiras contra o poder nacional. 

Mais de dois anos após a detenção, o tribunal de Hong Kong condenou Lam e Pui-ken. Os antigos diretores podem apanhar até dois anos de prisão - a pena será conhecida a 26 de setembro. 

Esta é a primeira vez que um jornalista é condenado por sedição desde a transferência de Hong Kong do Reino Unido para a China, em 1997. A decisão surge depois de, em 2020, Hong Kong ter criado a Lei da Segurança Nacional, em resposta aos protestos pró-democracia que explodiram na cidade e que culminaram também na detenção e julgamento de Jimmy Lai, "magnata dos media" da cidade e fundador do jornal Apple Day.

O governo norte-americano já reagiu à mais recente condenação, dizendo que a decisão espelha a deterioração da liberdade de imprensa em Hong Kong, a par da repressão e pressão da segurança nacional a que a região é sujeita há largos anos. 

Os antigos diretores declararam inocência pela publicação do material jornalístico entre julho de 2020 e finais de 2021. Em causa estão artigos que incluíam opiniões escritas pelos ativistas exilados Nathan Law e Sunny Cheung, assim como pelo jornalista Allan Au. 

A procuradora Laura Ng defendeu que o Stand News agiu como uma plataforma política para promover ideologias "ilegais" e incitar o ódio dos leitores contra os governos chinês e de Hong Kong.

Chung contestou as afirmações e assegurou que o jornal apenas "registou factos e relatou a verdade", numa lógica de "máximo de liberdade de expressão" possível, cita a Reuters.

Queda do Stand News 

Criado em 2014 como uma organização sem fins lucrativos e uma redação pequena, que dependia de doações públicas, o jornal independente Stand News ganhou força durante os protestos pró-democracia de 2019 em Hong Kong, com histórias e reportagens que fizeram o jornal ganhar leitores e triplicar a equipa.

No mesmo dia em que a polícia de Hong Kong invadiu a redação, prendeu os dois diretores e congelou os ativos da empresa, o resto da equipa decidiu pôr fim ao jornal, de forma a evitar mais apreensões de colegas. 

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