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Antiga presidente da STCP questiona virtudes do cancelamento de "swaps" pelo Governo

Os derivados financeiros contratados por Fernanda Meneses na STCP não envolviam “risco forte”, segundo Fernanda Meneses. A gestora, reformada, alerta que não se pode estar a avaliar os “swaps” agora porque, quando foram subscritos, não se previam as mudanças que ocorreram nos mercados financeiros. E deixou dúvidas quanto à decisão de cancelar os produtos financeiros antes da maturidade.

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05 de Setembro de 2013 às 16:25
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Fernanda Meneses considera que as operações de derivados financeiros que contratou, enquanto presidente do conselho de administração da STCP, tinham algum risco. Contudo, defende que, quando os assinou, não tinha dados que permitissem antever que viriam a causar perdas.

 

A intenção de contratar dois “swaps”, que serviriam para cobrir uma operação de financiamento do final de 2007, foi a de “mitigar o risco da subida da taxa de juro”, defendeu a antiga administradora da transportadora do Porto na audição desta quinta-feira, 5 de Setembro, na comissão de inquérito à celebração de contratos de cobertura de risco por parte de empresas públicas.

 

A operação, "feita com base em parâmetros que existiam à data, com todas as previsões disponíveis, não envolvia um risco forte”, declarou Fernanda Meneses aos deputados, ao acrescentar que ninguém poderia prever que as taxas de juro viriam a cair para níveis tão baixos e, assim, conduzir os derivados financeiros para valores de mercado negativos.

 

Esses valores de mercado negativos representam as perdas potenciais associadas aos contratos derivados. Em Junho de 2012, os produtos financeiros de “swap” subscritos por várias empresas públicas, alvo de um relatório do IGCP, tinham perdas potenciais a si associadas superiores a 3 mil milhões de euros. O Governo quis negociar com as bancas para cancelar esses contratos antes da maturidade - e acabou por materializar algumas perdas, nomeadamente mil milhões de euros para cancelar perdas potenciais de 1,5 mil milhões de euros.


Fernanda Meneses questiona essa opção. “A verdade é que não podemos ter, hoje, a avaliação do que seria o ‘swap’ até 2022. Se não podíamos garantir [o que viria a acontecer], em 2007, então hoje, também, não se pode”. A antiga administradora disse que a decisão “tornou efectivo algo que eram perdas potenciais”. 

 

A antiga presente da empresa nortenha, que ocupou o cargo entre 2006 e 2012, crescentou, por isso, que também há um "risco equivalente" em cancelarem-se as operações antes do vencimento ou a mantêr os contratos vivos.

 

“Para avaliar o resultado das operações, será [preciso esperar por] Junho de 2022”, disse Fernanda Meneses na sua audição, referindo-se à data da maturidade dos contratos da transportadora. 

 

As críticas ao actual Governo não se ficaram por aqui. Fernanda Meneses questionou porque só em Abril deste ano é que o Executivo de Passos Coelho actuou neste processo. “Porque é que só em Abril deste ano é que se faz tanto barulho com os ‘swaps’ se eles eram conhecidos. Porque é que já não foram encerrados há dois anos?”. 

 

(Notícia actualizada às 16h36 com o último parágrafo)

 

 

 

 

 

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