Notícia
A Yupido (sem vendas) continua a valer 29 mil milhões de euros
Desde 2016 contratou 175 trabalhadores e manteve a avaliação de milhares de milhões de euros. Mas o seu negócio continua um mistério.
A Yupido já tinha contas publicadas para o exercício de 2016, mas não divulgou os resultados de 2017. Nestes dois anos, os valores da empresa pouco se modificaram. Mas em 2016 a empresa tinha em caixa 242 milhões de euros. No entanto, em 2018, reduziu esse dinheiro para os 1.400 euros, enquanto a rubrica de ativos intangíveis cresceu 242,3 milhões, aumentando então este montante para os 28,770 mil milhões de euros.
E, mesmo assim, sem vendas ou declarações de prestação de serviços, a Yupido afirma contar com 175 trabalhadores, 175 a mais do que em 2016, quando não empregava ninguém. Mas mesmo com 175 trabalhadores, continua a dizer, na rubrica de gastos com pessoal, que não pagou um único cêntimo a ninguém.
A administração continua, segundo o semanário, a cargo de Torcato Caridade da Silva e de Cláudia Pereira Alves.
O Ministério Público (MP) arquivou o caso da Yupido depois de dois anos de investigação em que não foi constituído qualquer arguido, avançava no início do mês o Jornal de Notícias. O caso foi investigado pela Polícia Judiciária (PJ) e pela Ordem dos Revisores Oficiais de Contas (OROC), bem como pelo MP e pela Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
Da investigação levada a cabo pela OROC resultou a suspensão de António José Alves da Silva, o revisor oficial de contas (ROC) que comprovou que a Yupido valia 28,8 mil milhões de euros no último aumento de capital da empresa. No relatório feito, Alves da Silva escreveu que o bem intangível da Yupido tratava-se de uma "plataforma digital inovadora de armazenamento, proteção, distribuição e divulgação de todo o tipo de conteúdo media" e que se destacava "pelos algoritmos que a constituem".
Fundada em julho de 2015 por Hugo Martins, Cláudia Alves e Torcato Jorge, a Yupido está sediada nas Torres de Lisboa, mas tem escritório em Telheiras.