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França quer resgatar liga de futebol após duplo golpe financeiro
O governo francês está a procurar formas de resgatar a sua indústria nacional de futebol, atingida pela pandemia e pelo colapso de um importante acordo de transmissão televisiva.
O governo do presidente Emmanuel Macron está a considerar o uso de instrumentos conhecidos como "equity loans", empréstimos que não têm de ser reembolsados imediatamente e podem ainda contar como capital para reparar os balanços das empresas, disseram pessoas familiarizadas com o assunto. O Ministro da Educação e Desporto, Jean-Michel Blanquer, descartou uma distribuição direta de recursos.
A longo prazo, outras ferramentas incluem reprimir o streaming ilegal de jogos e rever os salários dos jogadores, que representam mais da metade dos orçamentos dos clubes, disseram as fontes. As pessoas não indicaram a dimensão do apoio governamental, mas um sindicato que representa a Liga de Futebol Profissional da França - que se estende por duas divisões profissionais - pediu medidas no valor de cerca de 300 milhões de euros, incluindo cortes de impostos. Um porta-voz do Ministério das Finanças francês não quis comentar.
O futebol contribui com cerca de 7,5 mil milhões de euros, direta e indiretamente, para a economia a cada ano, de acordo com Ernst & Young. As perdas já estavam a aumentar para muitos clubes antes mesmo da pandemia forçar o fecho dos estádios em março. O golpe de misericórdia, porém, veio após o colapso de um acordo de transmissão televisiva de 1,1 mil milhões de euros por ano entre a Liga e a espanhol Mediapro.
Mau sinal
Alguns clubes esperam que o governo tente incentivar o maior número possível de empresas a entrar na licitação dos direitos.
"O presidente Macron, sendo um fã de futebol, vai entender que seria um péssimo sinal ser o único país a não ter futebol na TV", disse Gauthier Ganaye, Presidente da AS Nancy, um clube da Liga 2, detida pela Pacific Media Group.
Ao descartar um resgate, Blanquer, o ministro do Desporto, sugeriu que o governo não gostaria de dar um cheque em branco à Liga e criticou os executivos por não obterem garantias financeiras no âmbito do acordo com a Mediapro.
Certo é que distribuir ajuda estatal para financiar os salários milionários de estrelas do desporto é complicada. A dificuldade é exacerbado pelas dúvidas em torno da gestão financeira da Liga.
"Jogar dinheiro no futebol não vai ajudar, a menos que seja acompanhado por uma reforma genuína", disse o analista do Enders, François Godard.
"Qualquer ajuda deve ser focada nas ligas inferiores e no desenvolvimento dos jovens."
Foi no início deste mês que a Liga de Futebol Profissional da França e a Mediapro concordaram em rescindir o seu contrato de direitos de TV, que será devolvido e revendido.