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Chinesa CCCC vai ter mais de 30% da Mota-Engil
A quarta maior construtora do mundo vai adquirir uma posição na Mota-Engil à holding da família Mota e participar num aumento de capital, assegurando mais de 30% do grupo. A Mota Gestão e Participações reduz para 40%.
A Mota-Engil anunciou esta quinta-feira que tem em fase final de negociação um acordo de parceria estratégica e investimento com "um dos maiores grupos de infraestruturas do mundo (top 5), com uma atividade significativa a nível mundial", que se irá tornar "um acionista relevante e um parceiro de longo prazo" do grupo hoje controlado pela família de António Mota.
No comunicado enviado à Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a Mota-Engil não identifica o novo acionista, mas o Negócios sabe, pela descrição feita, que se trata da China Communications Construction Company (CCCC), a quarta maior construtora do mundo com a qual o grupo português assinou em abril de 2019 uma parceria estratégia, e com quem tem concorrido em consórcio a projetos de grande dimensão este ano.
Segundo explica na mesma nota, no âmbito deste acordo a Mota Gestão e Participações (MGP), a holding da família que responde hoje por quase 65% do grupo português, "aceitou vender uma participação relevante no capital social da sociedade a um preço que reflete uma valorização que está muito acima do preço atual de mercado".
Ainda nos termos do acordo - que a Mota-Engil diz esperar que seja concluído "em breve", necessitando ainda das autorizações do regulador e do cumprimento de várias outras condições precedentes -, o novo parceiro "comprometer-se-á a subscrever uma participação relevante num aumento de capital social de até 100 milhões de novas ações que será submetido brevemente a deliberação em assembleia geral", mas também a estabelecer "um acordo de parceria e investimento com o grupo Mota-Engil para desenvolver em conjunto oportunidades comerciais".
Após este aumento do capital social, acrescenta o grupo no mesmo comunicado, passará a ser imputável à MGP uma participação de cerca de 40% do capital social da Mota-Engil, "sinal de total empenho e alinhamento com a sua posição histórica no grupo", e o novo acionista "atingirá uma participação ligeiramente superior a 30%".
A cotada frisa ainda no comunicado que "esta nova estrutura acionista e o quadro desta parceria, que se baseia na avaliação do grupo de cerca de 750 milhões de euros, irá reforçar as capacidades financeiras, técnicas e comerciais do grupo Mota-Engil, a fim de aumentar as suas atividades em todos os mercados e abrir novas oportunidades para novos desenvolvimentos".
A Mota-Engil tem atualmente mais de 237,5 milhões de ações, o que à cotação a que fechou a sessão desta quarta-feira (1,448 euros) significa um "market cap" de quase 344 milhões de euros.
O grupo português fechou no ano passado, por ocasião da visita de Marcelo Rebelo de Sousa à China, uma parceria estratégia com a CCCC, que este ano começou a dar resultados.
Ainda em fevereiro, a construtora liderada por Gonçalo Moura Martins ganhou um contrato de 270 milhões de euros na Colômbia para um projeto hidroelétrico de uma sociedade detida pela CCCC e pela China Three Gorges, e em abril, o consórcio que lidera (com 58%) com o seu parceiro chinês assegurou o contrato para a construção do primeiro lote do Tren Maya, no México, no valor de 636 milhões de euros.
Agora, segundo noticiou o Negócios no dia 21 de agosto, o agrupamento que formaram foi pré-qualificado num concurso para a construção de uma ponte em Lagos, na Nigéria, no valor de 2.250 milhões de dólares (cerca de 1.900 milhões de euros). Um montante que mais do que duplica o maior projeto da história do grupo português.