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Sonae fecha trimestre com prejuízo de 59 milhões
A dona do Continente justifica os resultados negativos com o “registo prudente de contingências contabilísticas” de 76 milhões de euros, relacionadas com a pandemia de covid-19.
A Sonae fechou o primeiro trimestre de 2020 com um resultado líquido negativo de 59 milhões de euros. O valor compara com os lucros de 18 milhões de euros que o grupo liderado por Cláudia Azevedo (na foto) tinha registado no mesmo período do ano passado.
A Sonae justifica os prejuízos com a adoção de uma "postura prudente" face à pandemia de covid-19. No comunicado enviado esta quarta-feira à CMVM, o grupo refere que a quebra no resultado líquido é "explicada exclusivamente pelo registo prudente de contingências contabilísticas (non-cash), no total de 76 M€, diretamente relacionadas com a pandemia Covid-19 e, em particular, com o encerramento forçado da atividade em vários negócios".
Ou seja, por causa da pandemia, o grupo optou por constituir provisões, no valor de 44 milhões de euros, relacionadas com stocks da Worten e da Sonae Fashion. O resultado indireto foi ainda impactado por provisões de 18 milhões de euros "relacionadas com projetos de desenvolvimento da Sonae Sierra". Se não tivessem sido constituídas estas provisões, o resultado líquido teria sido semelhante ao registado no período homólogo do ano passado.
O volume de negócios do grupo subiu 7,1% no trimestre, para 1.552 milhões de euros. O EBITDA subjacente recuou 2,4%, para 100 milhões de euros, devido à desconsolidação de dois centros comerciais nas contas estatutárias da Sonae Sierra. "Sem este impacto contabilístico, o EBITDA subjacente do grupo teria crescido 5%", explica o grupo.
A Sonae divide a análise dos resultados em dois momentos distintos. Em janeiro e fevereiro o grupo registou "desempenhos positivos em todos" os negócios. Já março foi "marcado pelo forte impacto" em algumas marcas. Esse impacto foi "positivo no caso do desempenho de vendas da Sonae MC", que cresceu 14%, "e negativo na Sonae Sierra, na Worten em Espanha e na Sonae Fashion, visto terem sido forçados a suspender as suas operações desde meados do mês".
Entre janeiro e março, o grupo investiu 60 milhões de euros, 46 milhões dos quais foram concretizados pela Sonae MC. Já a dívida do grupo foi reduzida em 468 milhões de euros, o equivalente a 27,5%, para 1233 milhões.
Por área de negócio, a Worten fechou o trimestre com um volume de negócios de 232 milhões de euros, em linha com 2019. Até ao final de fevereiro, o negócio de retalho de eletrónica observou um crescimento nas vendas de 6% "like for like", que se deteriorou em março, devido ao encerramento obrigatório das lojas em Espanha. O grupo destaca, porém, os "máximos históricos" atingidos pela marca de retalho nas vendas online.
Já a Sonae Fashion teve "dois meses muito positivos", mas o encerramento das lojas em março "teve um impacto muito significativo nos negócios", que se traduziu numa queda de 49% das vendas em termos homólogos nesse mês. No trimestre, a quebra foi de 19%, com o volume de negócios a chegar aos 78 milhões.
Em 12 meses, o grupo criou cerca de dois mil postos de trabalho na área do retalho alimentar. Durante a pandemia, a Sonae optou por não colocar trabalhadores em lay-off nos negócios que controla em Portugal, "como forma de assegurar o rendimento integral dos colaboradores". A exceção foi a Worten em Espanha.
Citada no relatório enviado à CMVM, a CEO da Sonae admite que a pandemia coloca a empresa perante um "desafio sem precedentes", ao qual o grupo está a responder com uma "reação notável".
Ainda assim, Claúdia Azevedo reconhece que "os próximos meses serão duros" e que todos os negócios do grupo "serão, de uma forma ou outra, materialmente impactados" pela covid-19.
"Dada a capacidade de adaptação que as nossas pessoas e os nossos negócios têm demonstrado, estou mais certa do que nunca de que superaremos esta adversidade e estaremos preparados para responder rapidamente às mudanças estruturais que, sem dúvida, moldarão o nosso futuro", conclui a CEO.