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Mercadona toma conta de um antigo campeão industrial português

A retalhista espanhola, que já detém duas dúzias de lojas em Portugal, comprou parte da antiga fábrica Quintas & Quintas, na Póvoa de Varzim, que já foi um colosso no setor da cordoaria, onde está a construir o seu primeiro supermercado nesta cidade.

A retalhista espanhola Mercadona é presidida por Juan Roig. Paulo Duarte/Negócios
16 de Setembro de 2021 às 11:24
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Nascido a 2 de março de 1899, na Póvoa de Varzim, Francisco Alves Quintas tornou-se empresário aos 26 anos, quando assume a direção da oficina do pai. Era então um modesto cordoeiro com roda manual, tendo instalado a primeira máquina dois anos depois na fábrica poveira que viria a tornar-se um gigante da cordoaria, fios e fibras.

 

Em 1956, lançou-se na produção de condutores elétricos de alumínio, setor em que viria a tornar-se o principal exportador nacional.

 

Após a sua morte, a 27 de janeiro de 1980, os sete filhos mantiveram o conglomerado empresarial uno durante quinze anos, até que um deles, líder do grupo e considerado "o mais esperto" e "empreendedor" da prole, decidiu provocar a cisão familiar.

 

Nélson Quintas formou, então, o seu próprio grupo, ficando com a Cabelte (cabos elétricos e telecomunicações) e a Cabelauto (cabos para automóveis), tendo, mais tarde, sido pioneiro na introdução do gás natural em Portugal, diversificando, ainda, os seus negócios para as telecomunicações no exterior. Viria a morrer em janeiro de 2001.

 

O grupo Nélson Quintas viria mais tarde a ser também alvo de uma cisão, com a área dos cabos a passar para Tiago Neiva de Oliveira, sobrinho de Jorge Quintas, filho do fundador do grupo e que ainda hoje lidera e mantém o nome do grupo.

 

Por sua vez, o grupo Cabelte, que entrou em graves dificuldades financeiras, passou a ser controlado, nos últimos anos, pela "private equity" Oxy Capital.

 

Já os restantes irmãos do falecido Nélson Quintas mantiveram-se unidos, ficando, entre outros ativos, com a fábrica-mãe (a de cordoaria), a Solidal (condutores elétricos) e a Tegopi (que viria a reorientar para a produção de torres eólicas).

 

Entretanto, vendeu em 2007 o negócio dos sistemas de amarração a um grupo luso-holandês, a Solidal à internacional Njord Partners em 2018, e apresentou a Tegopi à insolvência, a qual viria a ser comprada pela vimaranense Pinto Brasil.

 

Esvaziada dos seus principais ativos, a Companhia Industrial Quintas & Quintas SGPS faliu em 2019 com uma dívida superior a 60 milhões de euros, tendo o Estado como principal credor.

 

"Quartel-general" na Póvoa de Varzim reforçado com loja na antiga Quinta & Quintas

 

Setembro de 2021: a Mercadona comprou parte da histórica fábrica da Quintas & Quintas - que estava devoluta desde 2012 -, onde começou recentemente a construir o seu primeiro supermercado nesta cidade, com abertura prevista para o próximo ano.

 

É na Póvoa de Varzim, no parque industrial de Laundos, que está situado o "quartel-general" da retalhista espanhola - um centro logístico onde trabalham cerca de 250 pessoas e que está a ser duplicado, com a construção de uma nave na plataforma da Logifruit, que servirá para albergar um sistema de limpeza de caixas de plástico reutilizáveis que a cadeia utiliza.

 

Este projeto, que deverá gerar a criação de mais uma centena de postos de trabalho, está orçado em cerca de 20 milhões de euros e deverá também ficar concluído no próximo ano.

 

A Mercadona conta já com 24 lojas em Portugal, nos distritos do Porto, Braga, Aveiro e Viana do Castelo, tendo já aberto quatro das nove lojas previstas para este ano, prevendo investir 150 milhões de euros e recrutar um total de 600 pessoas em 2021, "com contrato de efetividade desde o primeiro dia", realça a empresa.

 

Em 2020, com a abertura de 10 lojas em Portugal, a empresa fechou o exercício da operação em território luso com um total de 20 supermercados no país e uma faturação de 186 milhões de euros, tendo finalizado o ano com 1.700 trabalhadores.

 

Depois de recentemente ter anunciado que estava para breve a sua chegada ao sul de Portugal, com o arranque do processo de recrutamento para as futuras lojas em Setúbal e Montijo, esta terça-feira avançou com a abertura de um "centro de coinovação" em Lisboa, num investimento de 2,2 milhões.

 

E vai construir um bloco logístico em Almeirim, no distrito de Santarém, uma infraestrutura necessária para suportar a expansão da retalhista no sul de Portugal, em particular para o distrito de Lisboa.

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