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Mercadona constrói bloco logístico em Almeirim para servir Lisboa
A retalhista espanhola já comprou um terreno no distrito de Santarém para avançar com a infraestrutura de apoio à expansão da rede de supermercados na região da capital. "Precisamos de ser mais portugueses", admite Juan Roig.
A Mercadona vai construir um bloco logístico em Almeirim, no distrito de Santarém, uma infraestrutura necessária para suportar a expansão da retalhista no sul de Portugal, em particular para o distrito de Lisboa, onde prevê abrir os primeiros supermercados em 2022.
A confirmação chegou esta manhã pela voz do próprio presidente da empresa, Juan Roig, durante a apresentação de resultados do grupo em 2020. No primeiro ano completo em Portugal atingiu vendas de 186 milhões de euros, tendo comprado também 369 milhões de euros a fornecedores portugueses.
"Assinámos já o bloco logístico, que ficará a 60 quilómetros de Lisboa. (…) Esperamos ter as autorizações para começar a construção. Se as tivéssemos amanhã, amanhã começaríamos a construir", sublinhou o empresário, que estima investir mais 150 milhões de euros em 2021 deste lado da fronteira, incluindo para a abertura de nove supermercados nos distritos de Braga, Porto e Aveiro.
Esta mega infraestrutura logística de 420 mil metros quadrados será totalmente automatizada e terá uma capacidade projetada já para quando a marca tiver 150 lojas no país. Será dez vezes maior do que aquela que abriu em 2017 na Póvoa de Varzim para, dois anos depois, arrancar com a operação comercial no norte do país.
Elena Aldana, a porta-voz da empresa em Portugal, assinalou em junho do ano passado que este bloco logístico tem "uma dimensão enorme para a escala de Portugal" e detalhou que "vai servir também a zona Centro, o Alentejo, o Algarve e dar ainda apoio a Espanha porque muitas mercadorias entram [na Europa] através dos portos portugueses".
Mais portugueses "de verdade"
Em 2021, a empresa sediada em Valência vai inaugurar mais nove supermercados – Guimarães, Vila Nova de Famalicão, Porto, Matosinhos, Vila do Conde, Felgueiras, Valongo, Santa Maria da Feira e Espinho – e criar 500 novos postos de trabalho, que somam às mais de 1.700 pessoas já contratadas no país (800 durante o ano passado).
Juan Roig assinalou que o plano é abrir à volta de uma dezena de supermercados por ano em Portugal, onde, tal como em Espanha, "[tem] ainda muito a fazer nos próximos cinco, seis ou sete anos", antes de pensar entrar noutros mercados internacionais, como França ou Itália.
Portugal foi o primeiro destino de internacionalização da marca que lidera o mercado no país vizinho (quota de 26,4% em 2020). Começou por instalar a sede no Porto, na zona da Boavista, mas acabou por saltar o rio Douro e mudá-la para os novos escritórios centrais em Vila Nova de Gaia.
Questionado sobre quais os aspetos que tem de afinar em Portugal, o presidente referiu "melhorar a qualidade dos produtos" e, por outro lado, "[serem] mais portugueses". "Não somos ainda suficientemente portugueses e precisamos de sê-lo. Não [falo] de marketing, mas de verdade. Conhecendo os costumes e as necessidades diferentes que têm os clientes portugueses", insistiu.
Com 20 lojas abertas atualmente nos distritos de Viana do Castelo, Braga, Porto e Aveiro, Juan Roig assegurou ainda que "quanto mais [a empresa conhece] os consumidores portugueses, mais sobe as vendas". E contabilizou ainda com "orgulho" que a venda média por loja em Portugal é cerca de 10% superior à registada em Espanha.
A retalhista tem em funcionamento, desde 2017, um centro de coinovação em Matosinhos para conhecer as preferências dos clientes portugueses e adaptar os produtos. E no próximo outono prevê abrir outro semelhante na zona de Lisboa, onde já tem um escritório. É que "pode haver gostos distintos" no sul do país, como notou anteriormente Elena Aldana, lembrando que em Espanha cerca de 20% do sortido é adaptado à região.