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Lucros da Sonae caem 37% para 223 milhões em 2024
Excluindo a mais-valia de 168 milhões de euros com a venda da IRSG registada no final de 2023, o lucro teria aumentado 18% em 2024, ano em que atingiu valores recorde de faturação, para cerca de 10 mil milhões de euros, e de investimento, que chegou aos 1,6 mil milhões.
O resultado líquido da Sonae caiu de 357 milhões de euros em 2023 para 223 milhões em 2024, ano em que mais do que duplicou o investimento, o que se traduziu num aumento dos custos financeiros, com a dívida líquida consolidada a atingir os 1,6 mil milhões de euros no final de dezembro passado, mais do que triplicando o valor de um ano antes.
Mas excluindo a mais-valia de 168 milhões de euros conseguida com a venda da sua participação na Iberian Sports Retail Group (ISRG) à JD Sports Fashion, registada no quarto trimestre de 2023, o resultado líquido da Sonae em 2024 "teria aumentado 18%" face ao ano anterior, enfatiza o grupo liderado por Cláudia Azevedo, esta quinta-feira, 20 de março, em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
Já o EBITDA (resultado antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) aumentou 4,5%, ultrapassando os mil milhões de euros, com o volume de negócios a atingir o valor recorde de 9.947 milhões de euros, "impulsionado pelo desempenho robusto dos principais negócios, bem como por movimentos estratégicos no portfólio, nomeadamente as aquisições da Musti e da Druni", realça a Sonae.
O conselho de administração da Sonae vai propor na assembleia geral de acionistas a distribuição de um dividendo bruto de 5,921 cêntimos por ação, mais 5% do que no ano passado.
Cláudia Azevedo diz que "2024 foi um ano memorável"
Na sua mensagem ao mercado, Cláudia Azevedo considera que "2024 foi um ano memorável para a Sonae" e diz que está "plenamente convencida" de que o grupo tem "todas as condições para alcançar ainda mais sucesso no futuro".
"Globalmente, todos os nossos negócios tiveram um desempenho excecional num contexto de elevada competitividade", com o segmento de retalho alimentar da MC, cujas vendas aumentaram 7%, a apresentar "excelentes resultados apesar da pressão concorrencial, com ganhos consistentes de quota de mercado", realçou a CEO da Sonae.
A dona do Continente, que em 2024 inaugurou um recorde de 25 novas lojas próprias, consolidou um aumento da faturação em 15,3% para 7,6 mil milhões de euros. Um desempenho robusto que recebeu a forte contribuição do segmento de saúde, beleza e bem estar na Península Ibérica, com a expansão da presença da Wells e Arenal, aliada à aquisição da Druni, atingindo 797 lojas próprias no final do ano passado.
"Olhando para o futuro, a MC tem oportunidades claras para continuar a crescer, nomeadamente em formatos de proximidade e conveniência, em áreas urbanas, e através do canal online e de serviços de entrega rápida", sinaliza a CEO da Sonae, considerando que "a combinação da Wells, Arenal e Druni estabeleceu um líder ibérico com a oportunidade de captura de sinergias importantes num mercado em rápido crescimento".
"Estou muito otimista quanto a esta avenida de crescimento da MC e da Sonae, bem como ao valor que irá criar no futuro", remata Cláudia Azevedo.
"Free cash flow" operacional aumenta de 25 milhões para 261 milhões
No retalho de electrónica, a faturação da Worten cresceu 8% para 455 milhões de euros, tendo aberto 38 novas lojas iServices em 2024, terminando o ano com 61 em Portugal e 32 no estrangeiro (na Bélgica, França e nas ilhas Canárias).
Grande destaque para o retalho de produtos para animais, após a Sonae ter adquirido há um ano 81% da nórdica Musti, num investimento que totalizou 700 milhões de euros, e que consolidou nas suas contas a partir de março, a que acresceu a compra da Pet City nos países bálticos nos últimos três meses de 2024. O grupo maiato reporta que a faturação deste negócio cresceu 5,6% para 122 milhões de euros no trimestre.
No imobiliário, "a Sierra, com o seu portefólio único de centros comerciais a ultrapassar os níveis de tráfego e vendas de lojistas do período pré-pandemia, apresentou resultados sólidos, tendo simultaneamente continuado a diversificar o seu negócio para áreas de serviços e promoção imobiliária", nota Cláudia Azevedo. O resultado líquido da Sierra subiu 9,8% em 2024 para 97 milhões de euros.
Já nas telecomunicações, "a Nos alcançou resultados operacionais e financeiros recorde", reporta a CEO do grupo. Nas contas consolidadas da Sonae, os resultados pelo método de equivalência patrimonial da Nos atingiram os 100 milhões de euros em 2024, o que representou um crescimento de 57% em relação ao ano anterior, tendo já este ano adquirido a tecnológica Claranet Portugal, transação efetuada por 152 milhões de euros.
Em matéria de investimento em 2024, que atingiu o valor recorde de 1.589 milhões de euros, tendo mais do que duplicado face aos 665 milhões de 2023, o investimento operacional dos negócios (capex) ascendeu a 467 milhões de euros, tendo o realizado em aquisições ascendido a 1.121 milhões de euros, com destaque para os realizados na Musti, na Druni e na compra de 89,1% da francesa BCF Life Sciences por 160,5 milhões de euros.
"Os investimentos foram estrategicamente geridos para apoiar oportunidades de criação de valor, incluindo a melhoria das nossas competências digitais, expansão dos nossos negócios e concretização de oportunidades de reconfiguração do portefólio. Como resultado, a geração de "free cash flow" operacional evoluiu favoravelmente, aumentando de 25 milhões para 261 milhões de euros", remata a CEO da Sonae.