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Lucros da Jerónimo Martins caem 20,8% para 599 milhões de euros
Dona do Pingo Doce aponta que 2024 foi um "ano marcado pelos duros efeitos da combinação de uma acentuada queda da inflação alimentar com a subida significativa dos custos", desde logo a subida do salário mínimo nas três geografias onde opera.
A Jerónimo Martins fechou o ano passado com lucros de 599 milhões de euros, valor que traduz um quebra de 20,8% face a 2023, anunciou, esta quarta-feira, o grupo liderado por Pedro Soares dos Santos, apontando que 2024 "foi marcado pelos duros efeitos da combinação de uma acentuada queda da inflação alimentar com a subida significativa dos custos".
Em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a dona do Pingo Doce recorda que as vendas cresceram 9,3% para 33,5 mil milhões de euros, como anunciado nos resultados preliminares, dando nota de que o EBITDA (resultado antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) subiu 2,9% e atingiu 2,2 mil milhões de euros, com a respetiva margem a fixar-se nos 6,7% (7,1% em 2023).
"Como se perspetivava, no ano, as margens operacionais do grupo foram pressionadas pela combinação da deflação registada nos cabazes das diferentes insígnias com a significativa inflação nos custos, principalmente de pessoal, em resultado da subida significativa dos salários mínimos nos três principais países onde o Grupo opera", refere.
No entanto, contrapõe, "o balanço do grupo manteve-se sólido", apresentando, no final do ano, uma posição líquida de caixa de 726 milhões de euros, excluindo responsabilidades com locações operacionais capitalizadas.
Olhando ao desempenho por insígnias, a maior contribuição advém da polaca Biedronka. Contas feitas em euros, a marca da "joaninha" viu as vendas aumentarem 9,6% para 23,6 mil milhões, com um Like-For-Like (indicador de vendas comparáveis) de menos 0,3% em moeda local. A também polaca Hebe, cadeia especializada em saúde e beleza do grupo, viu a faturação engordar 24,3% para 583 milhões de euros.
Em Portugal, as vendas do Pingo Doce cresceram 4,5% para os 5,1 mil milhões de euros (com um LFL de 4% excluindo combustível), enquanto as do "cash & carry" Recheio alcançaram 1,4 mil milhões de euros, ficando 1,9% acima de 2023 (com um LFL de 2,1%).
Por fim, na Colômbia, a Ara entregou 2,9 mil milhões de euros em vendas - 17% acima de 2023 - com um LFL de 0,2%.
A Jerónimo Martins terminou 2024 com 6.081 lojas, incluindo 532 em Portugal (489 supermercados Pingo Doce e 43 Recheio), ano em que investiu 1.006 milhões de euros, dos quais 31% em Portugal.
"O programa de investimento mantém-se como primeira prioridade de alocação de capital", frisa, adiantando que, em 2025, deve ficar em linha com o valor dos últimos anos, ou seja, rondar 1,1 mil milhões de euros.
Sob "pressão" pelo menos até junho
Para este ano as perspetivas não são animadoras, pelo menos até junho. "O ano de 2025 começou com uma incerteza acentuada, impulsionada pela turbulência na geopolítica global e pela instabilidade política nas principais economias europeias. Num ambiente que permanecerá volátil, prevemos que o comportamento do consumidor continue a pautar-se por prudência e contenção e que a dinâmica concorrencial dos mercados se mantenha sob elevada pressão, pelo menos na primeira metade do ano", antecipa o presidente do conselho de administração da Jerónimo Martins, Pedro Soares dos Santos, na mensagem que acompanha a apresentação dos resultados de 2024.
A Jerónimo Martins justifica a redução do resultado líquido - em 267 milhões de euros - com "a subida do valor dos juros líquidos traduz o aumento da dívida líquida e o efeito do aumento do financiamento da Ara em pesos colombianos, com taxas de juro mais elevadas face à média do grupo", assim como "dos juros de locações operacionais capitalizadas" no seguimento da execução do programa de investimento.
Além disso, aponta, foram contabilizados 119 milhões de euros na rubrica de outras perdas e ganhos, em que se incluem os 40 milhões da dotação inicial da Fundação Jerónimo Martins, para além dos "write-offs" decorrentes das remodelações e de custos de reestruturação, a par com um envelope de 27 milhões que foram destinados ao pagamento de prémios atribuídos, a título excecional, às equipas operacionais.