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Delta lança primeiro café português "made in" Açores

O primeiro lote do café 100% açoriano estará disponível, em exclusivo e em edição limitada, nas lojas Delta The Coffee House Experience, em Lisboa e Porto.

Mariline Alves
09 de Outubro de 2023 às 15:16
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A Delta lançou o primeiro café português, com origem nos Açores, um momento descrito como "importante na história do café em Portugal", fruto de um projeto iniciado há quatro anos.

"Este é o primeiro café português com origem nos Açores e esta primeira edição, assinada pela Delta, é algo do qual nos orgulhamos muito", afirmou o CEO da Delta Cafés, Rui Miguel Nabeiro, durante a apresentação da "novidade", que teve lugar, esta segunda-feira, em Lisboa.

"Como diria o meu avô, o nosso papel é lançar sementes à terra", realçou, apontando que esta é apenas "uma primeira materialização daquilo que pode vir a ser o café dos Açores".

O lançamento do primeiro lote de café 100% português resulta de um "trabalho de cooperação" que vem sido desenvolvido, desde 2019, com a Associação de Produtores Açorianos de Café (APAC) e o Governo Regional dos Açores.

Esta parceria foi delineada com o objetivo de "promover e dar a conhecer o café dos Açores, difundir conhecimento sobre esta cultura e responder ao interesse que a sua produção tem suscitado, visando criar as condições para certificar a região como a primeira produtora de café na Europa".

O projeto arrancou com uma pergunta de partida: "Será possível produzir café nos Açores?" Para chegar a essa resposta, nos primeiros anos, a iniciativa centrou-se na "avaliação e melhoria de todos os aspetos envolvidos na produção, transformação e comercialização de café dos Açores, tendo como principal objetivo unir e fortalecer os produtores de modo a estimular fortemente o desenvolvimento da cafeicultura desta região".

Até que, em 2019, "após um levantamento exaustivo", foi produzido um relatório e dado aconselhamento técnico, desde a colheita à moagem e degustação aos cafeicultores associados da APAC".

A iniciativa desenvolveu-se com o apoio da International Coffee Partners (ICP) - associação sem fins lucrativos formada por empresas familiares europeias de café, da qual a Delta faz parte desde 2018 - que tem como missão "contribuir com 'know-how' para um setor sustentável em países estratégicos através da implementação de projetos de melhores práticas em comunidades de pequenos produtores de café".

"Está no ADN da Delta lançar iniciativas com impacto na comunidade", pelo que, depois de o fazer noutras latitudes, "fazia todo o sentido fazer isso nos Açores, no nosso país", sublinhou Rui Miguel Nabeiro, sem revelar, porém, o investimento feito pela Delta no âmbito desta iniciativa.

Neste sentido, a torrefatora de café, que conta com mais de 60 anos de história, "investiu na formação e qualificação dos cafeicultores dos Açores, para perceber qual o melhor tipo de café adequado ao clima açoriano, que culminou num estudo que foi entregue, em maio de 2022, ao Governo Regional dos Açores e que revela o potencial da região para a produção de café".

"Levamos mais de 1.200 horas de trabalho no terreno e impactamos mais de 80 produtores em ações de capacitação. Foram envolvidas ou consultadas 11 instituições, incluindo a Universidade dos Açores", especificou o CEO da Delta, falando de um projeto "apaixonante" e da meta de chegar a "500 agricultores ao fim de cinco anos".

Ganhar escala não será muito fácil, dado que dificilmente será produzido em grandes volumes, até porque não há culturas intensivas, pelo que o café dos Açores "tem de posicionar-se pela qualidade muito elevada, que já tem, mas que é possível ser ainda melhor - e é nisso que queremos ajudar", sustentou.

A produção de café nos Açores remonta a finais do século XIX, iniciando-se pelas mãos de imigrantes chegados do Brasil, mas um século depois tornou-se "quase inexistente", mas "graças a estes produtores voltou, nos últimos anos, ao arquipélago e são muitos os que apostam em pequenas produções", contextualizou.

A Europa tem vasta tradição no consumo de café, mas não na produção. Contudo, as caraterísticas dos Açores - com o "micro clima" pautado por temperaturas amenas, chuvas abundantes aliado ao solo vulcânico - revelaram um "local surpreendentemente privilegiado para a produção de café de qualidade", salientou o CEO da Delta.

O "chairman" da Delta, João Manuel Nabeiro, falou mesmo de um "sonho antigo tornado realidade". "Vamos colocar na boca de todos os portugueses café português de qualidade. De onde estiver, o meu pai estará certamente orgulhoso. É um momento importante na história do café em Portugal".

Na cerimónia esteve também o presidente do Governo dos Açores, José Manuel Bolieiro, falando "do começo de uma nova etapa": "Com este legado e este passado de trabalho, teremos um amanhã de resultados e de valor social, económico e cultural acrescentado", enfatizou, para quem o "prestígio" da Delta  Cafés vem acrescentar uma "dimensão nacional para o mundo e para um consumidor que gosta de excelência".

José Manuel Bolieiro admite mesmo que o café pode vir a ter a mesma relevância para os Açores como tem atualmente o chá. "Nós temos esta capacidade por causa da qualidade e da excelência inata do produto e, agora, quando em matéria de transformação e distribuição estamos associados aos melhores estou convencido que teremos sucesso".

O primeiro lote do café 100% açoriano, denominado "impossible", estará disponível, em exclusivo e em edição limitada, nas lojas Delta The Coffee House Experience, em Lisboa e Porto.

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