Notícia
Costa Silva: “o pior que podemos fazer é confundir esta conjuntura com o futuro”
O Ministro da Economia abriu o Congresso AHRESP com o tema "Sustentabilidade, utopia ou sobrevivência?", a decorrer esta sexta-feira e sábado em Coimbra.
O Ministro da Economia e do Mar mostrou esta sexta-feira a sua disponibilidade para apoiar o setor do turismo e restauração que defendeu como "fulcral para o desenvolvimento do país", destacando como grandes desafios do setor, entre outros, a capitalização das empresas e a aposta incontornável na sustentabilidade sem a qual, acredita, um negócio hoje em dia "não tem futuro".
"Provavelmente hoje muitos de nós ainda não se aperceberam em toda a sua dimensão, mas o mundo mudou no dia 24 de fevereiro de 2022", começou por explicar António Costa Silva, na abertura do Congresso AHRESP com o tema "Sustentabilidade, utopia ou sobrevivência?", que está a decorrer hoje e amanhã em Coimbra.
Nestes meses, frisou o ministro, passou-se de uma globalização dinâmica e uma expansão de comércio mundial "sem precedentes", de um mundo com baixas taxas de inflação e com uma otimização das cadeias lojistas e de valor, para o cenário atual: "estamos a entrar num mundo novo", frisou, com crescentes tensões, fragmentação do comércio mundial, sucessivos conflitos e disrupções aos nível das cadeias logísticas "que criam desafios novos".
Referindo-se à guerra, inflação, custo de vida e de matérias primas e disrupções no sistema produtivo, Costa Silva frisou que "o pior que podemos fazer é confundir esta conjuntura com o futuro", lembrando que as "situações difíceis criam oportunidades" e que Portugal é exemplo disso pela segurança, dinamismo das associações – e estando "provavelmente do lado certo da história" em temas como a energia e a aposta nas energias renováveis.
Neste processo da transição energética, o ministro sublinhou que "a maior revolução que podemos ter aqui é da energia que desperdiçamos", frisando que para defrontar todos estes problemas é muito importante perceber que os desafios novos e complexidade não são resolvidos "se continuarmos a pensar agarrados ao corrimão das ideias feitas".
Sobre o setor e a economia portuguesa, Costa Silva lembrou que deverá este ano crescer 6.5%, "o crescimento maior da União Europeia, que tem de ter em conta o efeito base porque compara com 2021 onde o crescimento foi baixo". Ainda assim, tem uma forte contribuição do consumo interno e uma contribuição "fortíssima" da procura externa em particular serviços e em "primeiro lugar do turismo".
Sobre o turismo, um "setor extraordinário" que cresceu cerca de 60% em quatro anos até 2019, lembrou como em 2020 e 2021 "foi profundamente afetado pela pandemia, profundamente paralisado". "Em dois anos recuámos 24 anos ao nível das dormidas e 11 anos ao nível das receitas", e o que aconteceu em 2022 foi uma resposta "absolutamente extraordinária".
O ministro frisou que para um setor que é "profundamente específico", pode na verdade ser ele "um dos motores fulcrais" do desenvolvimento do país e "o que precisamos de fazer não é criticar o turismo, é usar o exemplo do turismo para formatar e desenvolver todos os outros setores da economia ", para criar condições macroeconómicas e instituições para que as empresas consigam criar riqueza. "Esse é o caminho e poderão contar sempre" com o Ministério da Economia, disse.
Costa Silva lembrou ainda o atual desafio dos recursos humanos: "o nosso sonho é que nesta próxima década o país consiga crescer sustentavelmente do ponto de vista seu PIB potencial e essa sustentabilidade tem de vir primeiro de tudo do reforço da força produtiva do país" disse.
O ministro destacou também uma das questões que o "preocupa", a da capitalização das empresas portuguesas, defendendo a necessidade de um banco de fomento mais ativo e mais próximo do tecido empresarial. Mencionou também que no acordo de concertação social recentemente alcançado, o Governo procurou "acolher as propostas mais transversais" e no turismo foi alcançada "a reativação do programa Apoiar, que é muito importante".
Outro grande programa de promoção do destino turístico está também em vista, sendo que para Costa Silva, Portugal "é hoje um dos destinos turísticos mais apreciados no mundo", mas "não podemos dormir sobre os louros alcançados", devendo o território e entidades diversificar a oferta com enoturismo, turismo de saúde, literário, arquitetónico, de natureza e dos oceanos. "Não vai haver futuro para as empresas que não apostem na sustentabilidade", frisou.
"Sustentabilidade, utopia ou sobrevivência?" é o tema do Congresso Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal - AHRESP, que congrega no Convento de São Francisco, em Coimbra, durante dois dias, mais de 60 oradores, duas sessões plenárias, 12 sessões paralelas e vários workshops.