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Turismo do Grupo Lena em PER com Novo Banco à cabeça

O Novo Banco reclama mais de metade da dívida reconhecida da Lena Hotéis e Turismo. O grupo de Leiria quer renegociar com os credores e solicitou a entrada em PER. Os hotéis Eurosol mantêm o funcionamento habitual.

Diogo Inácio
05 de Setembro de 2017 às 22:00
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O Grupo Lena quer recuperar a sua área de turismo. Para isso, quer negociar com os credores um plano de revitalização. O Novo Banco tem a palavra central a dar no futuro da área de turismo do grupo de Leiria, revela a lista de credores divulgada no mês passado.

A Lena Hotéis e Turismo, SGPS, S.A., "holding" do grupo que opera os hotéis Eurosol, solicitou a entrada num Processo Especial de Revitalização (PER) no passado mês de Abril,  sendo que até Setembro o processo ainda segue em negociações.

O grupo presidido por António Barroca justifica a decisão de pedir um PER – processo alternativo à insolvência para a recuperação económica das empresas – com a necessidade de "reestruturar o sector e responder em melhores condições à conjuntura do turismo", segundo respostas dadas ao Negócios.

Para conseguir entrar em PER, a área de turismo precisa da luz verde dos credores ao plano apresentado esta semana no Tribunal Judicial da Comarca de Leiria. São 12 os credores da sociedade, que tem uma dívida total reconhecida pelo administrador judicial provisório, Alfredo do Carmo Gomes, no valor de 38,8 milhões de euros. Pouco mais de metade deste valor (19,7 milhões) é reclamado pelo Novo Banco, que sucedeu ao Banco Espírito Santo.

O Novo Banco surge como maior credor "porque financiou os projectos mais importantes da Lena Hotéis", segundo adianta o grupo. A pedir PER estão outras sociedades do ramo, incluindo a Eurosol Investimentos Turísticos.

O grupo Lena era um dos principais devedores do Banco Espírito Santo, conforme noticiado em 2015 pelo jornal Expresso. O grupo é arguido na Operação Marquês, tal como Ricardo Salgado, líder do BES durante 22 anos.

Depois do Novo Banco, e com 13 milhões de euros, é o próprio grupo Lena que surge na lista de credores, ainda que o empréstimo seja subordinado. O Santander Totta e o Montepio têm créditos reclamados acima de dois milhões. Joaquim Barroca, ex-vice-presidente do grupo e arguido na Operação Marquês, reclama 22 mil euros.

O grupo sediado em Leiria assegura que em causa estão apenas empresas ligadas ao ramo do turismo e que não há impacto da decisão noutros ramos de actividade. O universo Lena abarca os sectores da construção, imobiliário, serviços e ambiente, tendo falado  em "dificuldades" nas reacções à investigação judicial Operação Marquês, admitindo que iria lutar pela sobrevivência.

Mesmo com a Lena Turismo a entrar em PER, caso haja aprovação dos credores no processo em curso em Leiria, os hotéis Eurosol continuam a funcionar normalmente, "em pleno" e "sem nenhuma alteração", assegura o grupo que está presente, na área turística, em Leiria, Santarém e Guarda.

Salgado e Lena na Operação Marquês

"Lena era o 13.º maior devedor do BES". O título do Expresso de 17 de Julho de 2015, com base em documentação a que o semanário acedera, surgiu numa altura em que o banco da família Espírito Santo e o grupo de construção se cruzavam na Operação Marquês. Ricardo Salgado, presidente do antigo Banco Espírito Santo durante 22 anos, é arguido no processo que investiga fraude fiscal, corrupção e branqueamento de capitais. Não só: na investigação judicial que tem em José Sócrates o principal visado, também o grupo Lena e o seu ex-vice-presidente, Joaquim Barroca, surgem igualmente como arguidos.

A construtora tem-se queixado dos efeitos que a investigação judicial tem tido na operação. Mais de dois anos depois, nem a acusação nem o arquivamento  aconteceram. O prazo dado pela Procuradoria-Geral da República para que se chegue a um desfecho do inquérito iniciado em 2013 é 20 de Novembro.  





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