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Turbulência global torna consolidação na banca em Portugal mais relevante, diz Centeno

Mário Centeno diz que as tensões no setor financeiro global nas últimas semanas, com a falência do SVB nos EUA e a compra do Credit Suisse pelo UBS, não contagiaram os bancos da Zona Euro em parte porque estes beneficiaram de melhorias na regulação desde a última crise financeira.

Miguel Baltazar
29 de Março de 2023 às 22:46
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O governador do Banco de Portugal afirmou hoje que a recente turbulência no sistema financeiro global torna mais relevante a possibilidade de consolidação na banca portuguesa, um setor que oferece "boas razões" para atrair intervenientes internacionais.

Em entrevista à agência Lusa, Mário Centeno recordou que quando em novembro de 2022 sinalizou ser natural um movimento de fusões e aquisições na banca em Portugal, não se estava "perante esta turbulência que se instalou" - ainda que tenda "a esbater-se nos mercados" - situação que considera só dar ainda dar mais relevo à possibilidade.

Adiantou que "em contraste ao que aconteceu há uns anos, hoje temos instituições bancárias que se podem envolver nestes processos pelas boas razões, porque elas estão estáveis, estão capitalizadas, têm planos de negócio que têm resultados positivos durante um período muito desafiante para a banca, porque os períodos de taxas baixas, negativas mesmo, são processos muito desafiantes para o modelo de negócio normal da banca de retalho".

Questionado sobre se essas características tornaram os bancos portugueses mais atrativos para eventuais compradores internacionais, Centeno frisou: "Sim, por boas razões, e é fácil de entender que há atratividade numa aquisição", com a ressalva de que esta "depende sempre do preço".

O governador do Banco de Portugal (BdP) reiterou que as tensões no setor financeiro global nas últimas semanas, com a falência do Silicon Valley Bank nos Estados Unidos e a compra pelo banco suíço UBS do rival Credit Suisse por um valor baixo, com garantias substanciais do Governo e perdas para alguns obrigacionistas, não contagiaram os bancos da Zona Euro em parte porque estes beneficiaram de várias melhorias na regulação desde a última crise financeira.

"Nos bancos da área do Euro - por via daquilo que é a atitude do supervisor, do regulador, da dimensão europeia que foi dada a estas realidades na Europa, que não existia em 2008, com a criação da União Bancária e do Mecanismo Único de Supervisão dentro da União Bancária - a realidade hoje é completamente diversa", explicou, sublinhando que a banca europeia passou por uma forte reestruturação.

"Temos dois exemplos destes em Portugal, que se concluíram há pouco tempo, a reestruturação, quer da Caixa de Geral de Depósitos, quer do Novo Banco, acompanhadas pela Comissão Europeia, em que houve 'luz verde' à saída deste período de reestruturação", vincou.

Em relação a uma eventual venda do Novo Banco pela Lone Star, Centeno disse que não comenta instituições específicas no contexto de consolidação no setor. "Não estou a falar de instituições, eu falei de duas instituições que se reestruturaram com sucesso, elas estão capazes de operar no mercado, de olhar para a sua própria evolução e ser um agente ativo dessa evolução", referiu, no entanto.
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