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Trabalhadores demitidos processam administração do Wells Fargo

Na sequência do escândalo da multiplicação de contas fantasma, a direcção do banco norte-americano demitiu 5.300 trabalhadores. Uma parte está agora a processar a administração, alegando que seguiu ordens que beneficiaram directamente o CEO John Stumpf.

Scott Eells/Bloomberg
Negócios 26 de Setembro de 2016 às 11:40
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O banco norte-americano Wells Fargo está a ser processado por parte dos 5.300 trabalhadores demitidos na sequência do escândalo de multiplicação de contas fantasma que permitiu inflacionar a dimensão das receitas e do número de clientes da instituição financeira, ajudando a suportar ganhos em bolsa.

Segundo escreve a Bloomberg, está a ser preparada uma acção na justiça de Los Angeles - onde foi desencadeado o processo pelo Ministério Público – com o objectivo de demonstrar que a actuação dos gestores de contas despedidos era do conhecimento da administração e beneficiou pessoalmente John Stumpf. O CEO e chairman do Wells Fargo mantém-se em ambos os cargos, não obstante a pressão para que assuma a sua responsabilidade e se afaste, como tem sido veementemente pedido pela senadora Elizabeth Warren, membro da comissão do Senado que acompanha a actividade do sector.

 

"A Wells Fargo sabia que as quotas irrazoáveis [de mercado que visava atingir] estavam a promover estes comportamentos anti-éticos que eram usados para aumentar, de forma fraudulenta, o valor das acções e beneficiar o CEO às custas dos empregados na base da hierarquia". A alguns trabalhadores do banco terá sido dito que "fizessem o que fosse necessário" para aumentar a rede de clientes, escrevem os advogados dos queixosos, que esperam vir a representar todos os trabalhadores alegadamente demitidos sem real justa causa – os 5.300 despedidos representam 1% do efectivo do banco.

 

Escreve ainda a Bloomberg, que os trabalhadores queixosos reclamam, por ora, compensação por danos de pelo menos 2,6 mil milhões de dólares.

 

Segundo a administração do Wells Fargo, foram os gestores que demitiu que decidiram abrir contas bancárias falsas e emitir cartões de crédito para os seus clientes, sem o seu consentimento nem conhecimento, como estratégia de ampliar o seu negócio.

 

O banco norte-americano conta com cerca de 40 milhões de clientes no retalho, e a investigação realizada pelos reguladores federais aponta para que tenham sido criadas cerca de 1,5 milhões de contas bancárias e emitidos 565.000 cartões de crédito sem autorização dos clientes.

 

O Gabinete de Protecção Financeira do Consumidor dos EUA (CFPB) multou o banco em 185 milhões de dólares, tendo também decretado o pagamento de mais cinco milhões de indemnização aos clientes lesados.

 

O Wells Fargo irá ainda pagar 35 milhões de dólares ao Departamento de Supervisão da Moeda e 50 milhões à cidade de Los Angeles – cujo Ministério Público lidera a investigação a esta fraude.

 

Como funcionava o esquema?

Os funcionários do banco transferiam dinheiro de contas existentes para novas contas, por eles criadas, sem o conhecimento ou a autorização dos clientes. Isto levava a que houvesse cobranças ilegais, por insuficiência de fundos ou comissões duplicadas, por exemplo, que muitas vezes não eram detectadas pelos clientes.

 

Os funcionários realizavam estas práticas, dizem, para poderem atingir mais facilmente os objectivos estabelecidos pelo banco, que havia fixado em oito o número de contratos de serviços (cartões de crédito, seguros, por exemplo) por cada cliente – "Eight is Great" seria o slogan na casa.

Estas contas e cartões de crédito "fantasma" levaram a que o banco aumentasse as receitas em comissões e apresentasse uma rede de clientes hiperinflacionada, o que, por seu turno, alimentou os ganhos das acções em Bolsa. O Wells Fargo tem sido um dos poucos grandes bancos norte-americanos que conseguiram apresentar lucros consistentes desde a crise financeira.

 

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