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Tem uma boa ideia para o Danske Bank? Envie um email ao CEO

O novo presidente do Danske Bank diz que qualquer pessoa que tenha boas ideias sobre a forma de gerir a instituição pode entrar em contacto com ele.

Danske Bank A/S
Freya Ingrid Morales/Bloomberg
27 de Julho de 2019 às 19:00
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Cerca de um ano e meio depois de o Danske Bank ter sido punido pelo regulador financeiro por ter uma cultura que desincentivava os funcionários a expressarem as suas opiniões, o banco decidiu adotar a transparência. Chris Vogelzang, antigo banqueiro do ABN Amro que assumiu o cargo de CEO do Danske no mês passado, diz que gostaria de receber diretamente as ideias de investidores e funcionários.

"Estamos a tentar ser o mais transparentes possível", afirmou Vogelzang em entrevista. "Quero que todos no banco tenham oportunidade de falar se acreditarem que as coisas podem melhorar". O executivo conta que deu os seus dados de contacto à equipa e a outras pessoas em toda a Escandinávia, "para que todos possam enviar emails com o que acham que deve ser feito".

Tendo ajudado a encaminhar o ABN Amro depois de o banco ter sido resgatado pelo estado holandês, Vogelzang foi contratado para ajudar o maior banco da Dinamarca a lidar com as consequências de um esquema de lavagem de dinheiro de 230 mil milhões de dólares que eclodiu no ano passado. O caso acabou com a carreira do então CEO do Danske, Thomas Borgen, que enfrenta agora acusações criminais juntamente com vários outros antigos executivos.

A Autoridade de Supervisão Financeira da Dinamarca disse no ano passado que a cultura "ágil e eficiente" do Danske provavelmente contribuiu para um escândalo tão devastador. Sob a anterior liderança do banco, a ideia era "resolver os problemas a um nível mais baixo, em vez de os levar para os responsáveis de níveis superiores", explicou Jesper Berg, presidente da Autoridade de Supervisão Financeira da Dinamarca, em maio de 2018. "Obviamente, isso revela um problema em termos de cultura".

O escândalo de lavagem de dinheiro, que se concentrou nas operações do Danske na Estónia entre 2007 e 2015, surpreendeu os investidores, o público em geral e o "establishment" político da Dinamarca. As ações do banco caíram cerca de 60% - uma perda de 20 mil milhões de dólares em valor de mercado - desde o início do ano passado, com os acionistas a prepararem-se para multas que podem atingir milhares de milhões de dólares.

Mergulhado no escândalo de lavagem de dinheiro, o Danske também enfrenta dificuldades para se adaptar aos mercados dominados por juros negativos. Cerca de uma semana antes de divulgar os resultados trimestrais, emitiu um "profit warning" que incluía a perspetiva de novas necessidades de capital.

Mas o Danske não foi sempre um banco em crise. Antes do escândalo da lavagem de dinheiro, registou lucros recorde e muitos viram a abordagem de Borgen - dominada pelo mantra de "executar" - como parte do motivo pelo qual o banco tinha um desempenho tão positivo. Mas Berg, da Autoridade de Supervisão Financeira da Dinamarca, disse no ano passado que a "máquina eficiente" do Danske impediu-o, durante anos, de ver os sinais de alerta de que algo estava muito errado. Uma organização mais transparente poderia ter identificado os sinais mais cedo.

Vogelzang já deixou claro que não quer esconder nada e que vai agir de forma decisiva quando as coisas parecerem suspeitas.

No ABN, Vogelzang era responsável pela banca privada e de retalho, cargo que ocupou durante oito anos antes de se demitir em 2017, no contexto de um programa de corte de custos no banco holandês. O Danske enfrenta alguns dos mesmos desafios que o ABN enfrentou na altura: aumento da concorrência, pressão regulatória e juros baixos.

Vogelzang diz que a estratégia do Danske, que inclui a expansão na Noruega e na Suécia, "é bastante sólida". "Os bons bancos têm uma cultura de melhoria contínua", disse Vogelzang. "Bons bancos são muito ágeis nos seus desenvolvimentos tecnológicos, e bons bancos fazem escolhas de onde investem o seu dinheiro para garantir que é criado valor para os acionistas no médio e longo prazo".

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