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Teixeira dos Santos pede rapidez e transparência na recapitalização da CGD

O ex-ministro das Finanças e futuro presidente do BIC, em entrevista à TSF, fala da recapitalização da Caixa que diz precisa de ser transparente. E diz ainda que os bancos estão a adiar a solução para o malparado e podem sair prejudicados por isso.

Pedro Rocha/Correio da Manhã
09 de Julho de 2016 às 13:57
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O processo de substituição da administração da Caixa Geral de Depósitos está "a arrastar-se por muito tempo", e seria "desejável" que fosse "um processo mais rápido". Este arrastar causa instabilidade, desgaste na opinião pública e internamente. "Vive-se um período em que quem está sabe que vai sair, e ainda não entrou sucessor", com impacto na "capacidade gestão e mobilização". O "ânimo da instituição é afectado por isso. E isso não é bom".

As palavras são de Teixeira dos Santos, ex-ministro das Finanças e futuro presidente do BIC, que em entrevista à TSF pediu ainda transparência no processo de recapitalização do banco público. "Tem vindo a gerar muitas dúvidas e polémica. O que dá a percepção de que não se percebe o porquê desse montante, e enquanto não se perceber bem o montante exacto e a sua fundamentação penso que vamos ter sempre um ruído, essencialmente político, que não é desejável". Por isso, pede rapidez, transparência e clareza na sua resolução. "Este arrastar num ambiente de dúvidas não é benéfico nem para a instituição nem para o sistema financeiro no seu todo".

Quanto à venda do Novo Banco, Teixeira dos Santos diz que "seria bom que se pudesse vender o Novo Banco porque isso mostraria que houve capacidqade para resolver uma situação delicada e difícil e resolvê-la em condições tais que mostraria haver quem desejasse investir numa situação bancária em Portugal. É um sinal de confiança no país e no sistema bancário". Por isso, falhar a venda do NB "seria um sinal que apesar de tudo ainda há dúvidas e receios quanto ao país e sistema bancário e deixar-me-á preocupado". Deixa o ex-governante preocupado num momento em que irá assumir a liderança de uma instituição financeira. Será o novo presidente não executivo do BIC, instituição que está a ser alvo de dois processos de investigação por parte do Banco de Portugal. Um desafio que, disse à TSF, "não é fácil".

Mas o governante que foi o rosto do pedido de ajuda externa de Portugal em 2011 ao FMI, Comissão Europeia e BCE diz que "sinceramente desafios fáceis não são grande incentivo. Habituei-me a enfrentar situações difíceis e espero que a situação não venha a ser difícil para bem todos nós e para bem da instituição que vou liderar. Habituei-me a enfrentar situações menos fáceis, e por isso encaro com confiança este novo desafio que tenho pela frente". 

Num sector que tem vários problemas por resolver: a CGD, o Novo Banco, mas também o nível de crédito malparado. Teixeira dos Santos defende que se deve estudar a solução apresentada por António Costa, e que merece concordância do governador Carlos Costa, de criar um veículo para este crédito em risco. É preciso, disse, "centrar muito e muito seriamente na situação do sistema financeiro e adoptar medidas que sinalizem que a situação do malparado está num caminho certo, previsível, de correcção e mitigação de riscos que isso representa para sector bancário".

O veículo, disse, "poderá ser uma via de resolução do problema que vale a pena estudar e ponderar". E aos responsáveis da banca atirou: "vejo com alguma apreensão que os bancos prolonguem por muito tempo o nível elevado de crédito em risco porque isso aumenta muito a sua aversão ao risco, e acaba por reduzir a apetência para financiar projectos". Por isso, acrescentou, "podemos estar a arriscar adiar um problema, olhar para o lado, achar que o tempo vai resolver e o que pode acontecer é que o tempo pode não permitir a resolução da melhor forma e cairmos numa situação em que vamos ter de ter intervenção mais forte. Só que nessa altura vai custar mais".

Teixeira dos Santos diz que Portugal devia olhar para o modelo italiano que "pode dar algumas pistas" e até ajudar a "evitar algumas coisas menos boas".

Plano B tem de estar feito mas não anunciado

Acreditando que o Orçamento para 2017 vai ser difícil e de cariz restritivo, Teixeira dos Santos diz com referência a 2016 esperar que "haja uma ideia de medidas que venham a ser tomadas caso se revele necessário para assegurar que objectivos orçamentais são alcançados". Ainda assim, não faz sentido anunciá-las sem que se tenha a certeza de que terão de ser implementadas. O custo político é grande. 

Teixeira dos Santos acaba por criticar a Comissão Europeia em relação ao que diz ser "uma dose de desconfiança relativamente a este governo que não existiu face a governos anteriores". Há, acredita, um "preconceito político que pode estar subjacente a esta pressão da CE e a esta insistência do plano B e associá-lo às sanções por um desempenho do ano passado". É uma colagem, diz, forçada.








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