Notícia
Sindicatos querem evitar "reestruturações fulminantes no BPI"
A oferta pública de aquisição lançada pelo CaixaBank pressupõe a saída de 1.000 trabalhadores. Os representantes dos funcionários e os sindicatos já fizeram saber que estão contra. Até se fala em "má-fé negocial".
Sendo comprado pelo CaixaBank, o BPI deverá promover a saída de 1.000 trabalhadores. Os sindicatos querem esclarecimentos. E esperam que haja respeito pelo que o banco liderado por Fernando Ulrich (na foto) tem feito em cortes do género.
"O Banco BPI tem uma tradição de cessações de contrato por via de reformas antecipadas ou acordos, diluídas no tempo e preservando a paz social", indica o Sindicato Nacional dos Quadro Técnicos Bancários (SNQTB) numa nota publicada no site oficial.
O sindicato, que se assume como o mais representativo no banco, defende é "imprescindível que esta tradição do Banco BPI se mantenha e seja incrementada, evitando restruturações fulminantes e com elevados custos sociais".
No relatório em que avalia as condições da oferta pública de aquisição (OPA) do banco catalão, a administração considera que a operação pressupõe o despedimento de 1.000 postos de trabalho no banco. Fernando Ulrich tinha dito, na conferência de imprensa de apresentação de resultados do primeiro trimestre, que não temia o esvaziamento de serviços do banco em Portugal: "A partir do momento em que o BPI faça parte do grupo CaixaBank, penso que todos aqueles que trabalham no BPI tudo farão para que aconteça o contrário: actividades, projectos e funções do conjunto CaixaBank que possam ser feitas a partir de Portugal".
"Má-fé negocial"
O SNQTB, tal como ontem a União Geral dos Trabalhadores (UGT – ligada à Febase), afirma ter sido apanhado de "surpresa" já que, "nos contactos havidos com o BPI", "nada" foi dito em relação à reestruturação e "ao gravíssimo impacto da mesma".
"Tendo havido, na semana anterior, uma reunião entre os sindicatos da Febase e o Banco BPI, onde nada transpirou sobre esta decisão, e não acreditando a UGT, ou os seus sindicatos, que nada sobre esta decisão não estivesse já a ser congeminada no seio da alta direcção do Banco, lamenta-se profundamente o clima de má-fé negocial com que a Banca e alguns banqueiros tratam o diálogo social - a pontapé e de barriga para a frente", afirmou ontem a UGT em comunicado.
À Lusa, Rui Riso, do Sindicato de Bancários Sul e Ilhas, que pertence à Febase, anunciou que iria pedir esclarecimentos sobre a operação, solicitando também contactos junto dos sindicatos espanhóis para ter noção das condições de saída dos trabalhadores e da sua similitude aos eventuais processos a decorrer em Portugal. O jornal Expansión frisou hoje que o CaixaBank vai fechar mais de 260 sucursais este ano, cortes inseridos num plano de reduzir 600 agências entre 2015 e 2018, o que leva ao corte de 3.000 postos de trabalho.
A comissão de trabalhadores também já reagiu, com o coordenador Rui Cabrita a dizer, ao Dinheiro Vivo, que a "dimensão" do corte foi uma surpresa, embora já antecipassem reduções de pessoal.
No final do ano passado, o BPI contava com 5.899 funcionários. A instituição financeira encontra-se sob uma oferta pública de aquisição, lançada pelo seu principal accionista, o CaixaBank. A operação só se deverá concretizar em Setembro, segundo antecipam os catalães.