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Sérgio Figueiredo acusa ERC de "linchamento público"
Comissão de inquérito ao Banif: o director de informação da TVI diz ter sido mais atacado pelos deputados do que Ricardo Salgado. Deliberação da ERC: Sérgio Figueiredo acusa ERC de ser parcial.
Sérgio Figueiredo ataca em todas as frentes a condenação que a Entidade Reguladora para a Comunicação Social dedica à TVI por causa da notícia sobre o fecho do Banif. Em artigo de opinião no Diário de Notícias, o director de informação de Queluz de Baixo defende que o regulador dos media já tomou uma posição.
"O regulador da actividade jornalística chama a isto um projecto de deliberação. Na verdade é um linchamento público. As acusações são graves e sérias. E sem provas. Feitas nuns termos, de que não há memória. E com uma atitude persecutória que faz lembrar outros tempos", classifica Sérgio Figueiredo no texto publicado esta terça-feira, 24 de Maio, adiantando que se trata de um "julgamento sumário".
O jornalista, que já foi director do Negócios, refere-se à condenação preliminar da ERC noticiada na sexta-feira passada, em que é criticada a ausência de contactos com as entidades interessadas antes de avançar que o Banif seria encerrado a 13 de Dezembro de 2015. No texto, intitulado "Bonsai – nem mártir nem pária", Figueiredo fala na parcialidade da ERC porque ainda não ouviu a posição da TVI.
"Há um rombo de 3 mil milhões. Há uma notícia que o anuncia. Há uma administração responsável pela gestão de um banco. Há um aviso de que esse banco se aproxima do beco sem saída. Há gestores públicos que o Estado desconsidera e afasta dos processos de decisão. Há jornalistas que querem cumprir a sua missão no apuramento da verdade - e a ERC não hesita, deixa clara a sua opção, o lado que escolhe e onde considera estar a idoneidade", condena Sérgio Figueiredo que, na audição da semana passada no Parlamento, não quis esclarecer que pessoas foram contactadas para a publicação do rodapé que anunciava o fecho do Banif - na semana seguinte à notícia, houve uma fuga de depósitos de 960 milhões de euros.
Em relação ao regulador sob o comando de Carlos Magno, Sérgio Figueiredo deixa críticas, dizendo que se destaca pela "parcialidade" quando afirma "sem papas na língua que a ‘conduta da TVI é passível de reprovação’". E reforça que nem o Ministério das Finanças nem o Banco de Portugal desmentiram a TVI. "O regulador da comunicação social, na vez de defender o jornalismo, no lugar de erguer uma barreira que proteja um dos seus pilares mais sensíveis, as fontes de informação, está a criar um precedente perigoso", antevê.
Deputados mais agressivos com Figueiredo do que com Salgado
Partindo do projecto de deliberação da ERC – que aguarda agora o contraditório da TVI -, o director de informação da TVI critica ainda o facto de ter recebido o projecto de deliberação no dia 19, um dia depois da audição na comissão parlamentar, quando a reunião que a decidiu foi a 4 de Maio.
É também com base na deliberação da ERC que Sérgio Figueiredo parte para acusações contra os deputados da comissão de inquérito ao Banif.
"Debaixo de uma violência verbal, quatro horas de agressividade que, talvez por distracção minha, não os vi dedicar a mais ninguém que por ali passou. Nem aos gestores que geriram. Nem aos ministros que decidiram. Nem aos reguladores que regularam. Nem sequer Ricardo Salgado, que esteve noutra comissão, mas que é o cúmulo, o extremo dos extremos, e não foi sujeito a igual exercício de intimidação", acusou ainda Sérgio Figueiredo no artigo da opinião.
Há ainda um outro texto de opinião, desta vez sob o título "A OPA que não podia ter sido noticiada", onde Sérgio Figueiredo menciona a oferta de compra da PT pela Sonae para mostrar que muitas notícias têm por base depoimentos orais e não escritos.
"Não me recordo, sinceramente, de ver a regulação e a política tão concertadas e indignadas com a suposta falha de "contacto prévio" da TVI com as ‘partes atendíveis’, como deputados e ERC estão agora a fazer no caso Banif. Como ninguém aqui é burro, bem talvez só um seja mais limitado, só me pode indignar toda esta indignação", avança.