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Ricciardi: “Ricardo Salgado tomou-me de ponta”

José Maria Ricciardi afirma que a atitude de Ricardo Salgado mudou quando começou a questionar a liderança do primo.

Vítor Chi
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José Maria Ricciardi, o primo de Ricardo Salgado e antigo presidente do BESI, afirmou no julgamento que o CEO do BES mudou de atitude perante o seu papel quando começou a questionar a liderança do banco.

"Tomou-me de ponta", afirmou no terceiro dia do processo. Ricciardi está a ser questionado enquanto testemunha, que se referiu desde logo à sua entrada no Conselho Superior, órgão onde estavam representados os cinco ramos da família Espírito Santo.

"Na primeira vez que cheguei ao Conselho Superior estavam já quase todos os membros e o meu pai, que era o presidente, informou que o Conselho não podia começar porque Ricardo Salgado não estava. Causou-me espanto, porque ele era um vogal como qualquer outro, mas tivemos de ficar à espera. Foi o começo de um certo desentendimento com Ricardo Salgado", contou.

"Em vez de começarmos a discutir assuntos, Ricardo Salgado começou a debitar o que tinha sido feito e o que se ia fazer, tanto no setor financeiro, como não financeiro. E eu levantei o braço e perguntei se era para discutirmos os assuntos ou se era para ouvir Ricardo Salgado dizer o que íamos fazer… a partir daí começou a tomar-me de ponta, porque viu que eu não estava disposto a fazer a mesma figura dos outros no CS do grupo", frisou.

José Maria Ricciardi, que admitiu logo no começo da audição que não era "nem amigo, nem inimigo" de Ricardo Salgado, explicou também os cargos que ocupou em diversas entidades do GES e o que fez quando detetou os problemas nas contas.

"Quando se percebeu que as contas estavam falsificadas, a 07 de dezembro de 2013, se não estou em erro, apresentei um papel para a ata do conselho a dizer que não tinha qualquer conhecimento daquilo e que queria uma auditoria e que se apurassem responsabilidades", indicou.

O ex-presidente do BESI salientou também o momento em que percebeu que a ESI estaria em situação de insolvência, quando o antigo contabilista do GES, Machado da Cruz, assumiu que o ‘buraco financeiro’ seria muito superior.

"Havia um grupo de trabalho que descobriu isto e disse que as contas de 2012 tinham uma diferença de 1.200 milhões de euros no passivo e, mesmo assim, Machado da Cruz disse que em 2013 ainda havia por cima mais não sei quantos mil milhões, o que fazia que o passivo não fosse uns três mil milhões mas uns sete mil milhões. Para quem percebe a área, via que estávamos completamente insolventes", reconheceu.

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