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Retoma ligeira de negócios em 2010

O mercado de gestão de frotas e renting registou uma quebra em 2009, não se prevendo um cenário muito diferente para 2010. O aperto do crédito automóvel e a necessidade das empresas cortarem custos, num ano de crise profunda, resultaram numa...

05 de Maio de 2010 às 10:22
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Num ano, o número total de contratos de renting activos recuou em cerca de 20 mil

O mercado de gestão de frotas e renting registou uma quebra em 2009, não se prevendo um cenário muito diferente para 2010. O aperto do crédito automóvel e a necessidade das empresas cortarem custos, num ano de crise profunda, resultaram numa conjuntura negativa. "O sector automóvel revelou-se particularmente vulnerável à crise económica e financeira mundial e esse impacto teve um efeito natural e consequente na solução de renting/AOV, com a descontinuidade de alguns players de mercado e perspectivas de concentração", explicam Maurício Duarte Marques e José António Português, da direcção de marketing da Locarent. A GMAC, braço operacional da General Motors para o financiamento automóvel, por exemplo, optou por se retirar de alguns mercado na Europa, entre os quais o português.

Em Portugal, o negócio do renting está longe da quota obtida noutros países europeus. Para nós, isto significa uma oportunidade no mercado nacional, onde esperamos crescimentos de dois dígitos para os próximos anos.

Stephan Beck
Administrador
- delegado Arval
Os dados da ARAC referem que o número total de novos contratos de gestão de frotas associados ao aluguer de veículos baixou, de mais de 40 mil, em 2008, para menos de 32 mil, no ano passado. Uma quebra superior a 22% em apenas doze meses, correspondente a menos oito mil viaturas vendidas às empresas de AOV. E os novos contratos de serviços de gestão de frota sem aluguer da viatura registaram uma descida de 45%, de quase 14 mil para pouco mais de 7.500. Num ano, o total de contratos em vigor recuou 20 mil, para 146,5 milhares, correspondendo a menos 120 milhões de euros de facturação anual.

Isto apesar do número de empresas no sector ter crescido de 18 para 20, devido à chegada de gestoras ligadas ao sector financeiro, que vieram agravar ainda mais a vida de alguns players tradicionais do sector.

"A dificuldade no acesso ao crédito e o aumento dos custos de financiamento, com reflexo na quebra do investimento e no abrandamento geral da economia, em paralelo com a queda dos valores de revenda de usados, contribuíram para um recuo do mercado de AOV", confirma José Pedro Campos Pereira, director comercial da Leaseplan Portugal.

Menores margens no negócio
A crise do sector reflectiu-se também nas margens. "Essencialmente o mercado ajustou-se pelo preço. A quebra da procura de usados reflectiu-se na descida dos preços, em alguns modelos em mais de 20%", refere Nuno Jacinto, director comercial corporate da ALD Automotive. "As vendas continuaram, mas a preços bastante inferiores aos anteriormente praticados.

Naturalmente que esta quebra influenciou directamente os valores residuais e, consequentemente, o valor das rendas praticadas no aluguer operacional", explica. "Todos os actores deste mercado sofreram o impacto ao nível dos valores das viaturas usadas assim como nas condições de funding", concorda Stephan Beck, administrador-delegado da Arval.
"As oscilações registadas no mercado de usados têm tido forte impacto nos valores residuais. Estas alterações resultam não só das incertezas quanto às novas fontes energéticas e sua respectiva aplicação ao sector automóvel, como também da introdução da nova fiscalidade automóvel (por exemplo o aumento da componente ambiental no imposto de matrícula) e do contexto económico", concretiza Nuno Jacinto.

"A principal razão da crise assenta na quebra abrupta no valor das viaturas usadas, iniciada em 2008. Ainda que este mercado usados tenha recuperado de forma significativa ao longo do segundo semestre, os valores continuaram abaixo dos verificados antes da queda, levando a uma forte correcção de valores residuais e ao consequente aumento significativo das rendas dos contratos novos", explica João Bugalho, administrador da SC Multirent. "O principal impacto decorrente deste agravamento foi o fortíssimo crescimento registado nos prolongamentos de contratos, induzidos pela incapacidade dos clientes em incorporar as novas rendas nos seus orçamentos e, por outro lado, pelo interesse das gestoras de frota em prolongar os contratos activos, com o intuito de acomodar um maior volume de amortizações para conseguir mitigar as menos-valias na venda das viaturas", acrescenta. A somar a tudo isso, "os custos com a mobilidade no nosso país voltaram a aumentar devido à revisão ao ISV e IUC. O elevado custo com a mobilidade leva as empresas a focarem-se cada vez mais no TCO (custo total de utilização) em vez de foco apenas no preço", completa Beck.

Para 2010, tudo indica que vamos assistir à reversão das tendências de 2009, com um aumento de novos e a redução do prolongamento dos prazos

João Bugalho
Administrador
da SC Multirent
"Sem duvida que a crise foi a grande causadora do abrandamento do sector, de realçar que a descida dos preços dos veículos usados originaram uma nova forma de manter os clientes, apresentando soluções de extensão de contratos.

Com isto as empresas manteriam o número de contratos no activo e ao mesmo tempo evitaram problemas de funding, pois desta forma não há investimento", explica Carlos Costa, sales manager da Athlon Carlease Portugal, o mais recente operador a entrar no mercado nacional.

O reverso da medalha é que "com estas extensões o valor contabilístico dos activos baixou e criou outra grande dúvida: Como vai o mercado reagir a uma nova realidade na oferta de veículos usados, com mais um ano de idade e mais quilómetros?", pergunta Carlos Costa.

"Com esta realidade, 2010 só pode ser melhor, pois a solução de estender contratos seguramente não é a galinha dos ovos de ouro e por outro lado é este ano que os contratos estendidos no decorrer de 2009 irão terminar, assim adivinha-se um ano bastante positivo para este sector, pelo menos acredito que iremos recuperar os níveis de crescimento anteriores a 2009, dispara o sales manager da Athlon Carlease Portugal.

"Para 2010, tudo indica que vamos assistir a uma reversão das tendências verificadas em 2009, com um aumento da produção de novos e uma redução dos prolongamentos. O facto de o mercado de usados ter encetado alguma recuperação nos preços deverá contribuir para valores residuais mais elevados e alguma redução no preço das rendas", alinha João Bugalho, da SC Multirent.

E os dados do Corporate Vehicle Observatory, um estudo anual sobre o mercado do renting elaborado pela Arval, parece dar razão a pelo menos alguma dose de optimismo. A maioria das empresas portuguesas inquiridas, com entre 10 e 500 trabalhadores, confessam que têm planos para expandir as suas frotas. E das restantes empresas, o objectivo é pelo menos manter.








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