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Regling: Não há uma “crise sistémica” na banca da União Europeia
O director do Mecanismo Europeu de Estabilidade acredita que a banca está, agora, mais resiliente do que antes da falência do Lehman Brothers. Por isso, rejeita uma crise sistémica no sector. No entanto, a incerteza continua a dominar os mercados com o Credit Suisse e o Deutsche Bank em mínimos históricos.
A banca italiana tem estado no centro das atenções, com receios de que o malparado ameace a sustentabilidade das instituições. Por isso mesmo, o primeiro-ministro Matteo Renzi está a delinear um plano para recapitalizar o sistema bancário do país. Tudo isto tem aumentado a tensão na banca europeia, com o risco de uma crise generalizada. Ainda assim, Klaus Regling não acredita que esteja em causa uma crise sistémica.
"Não penso que estejamos de todo numa crise sistémica" na banca da União Europeia, disse o director do Mecanismo de Estabilidade Europeu (MEE) em entrevista à Bloomberg TV. O responsável europeu diz que o sistema bancário está muito mais forte do que antes da falência do Lehman Brothers, salientando a maior capacidade para lidar com os problemas.
Quanto a Itália, Klaus Regling apontou que o Governo de Matteo Renzi está em conversações com a Comissão Europeia sobre a forma de implementar a estrutura da união bancária. No entanto, garantiu o líder do MEE, não é altura para a Europa desistir dos avanços na união bancária que tanto custaram a conquistar.
Apesar de Klaus Regling não apontar para uma crise sistémica, a verdade é que a banca italiana tem estado nas bocas do mundo. O Business Insider, por exemplo, publicou um artigo no qual diz que, depois dos alertas do Banco de Inglaterra sobre a instabilidade criada pelo Brexit, "os mercados parecem obcecados com os problemas no sistema bancário italiano".
Já o The Wall Street Journal escreveu um artigo no qual deixa o principal alerta logo no título: "Dívida má empilhada nos bancos italianos surge como a próxima crise". O conhecido jornal económico norte-americano considera mesmo que "não há sítio em que o risco esteja mais concentrado do que no sector bancário italiano".
Por outro lado, a Bloomberg foca-se na possível injecção de capital que o Governo italiano poderá fazer no Monte dei Paschi. A acontecer, salienta a agência noticiosa, será "o terceiro resgate à instituição desde a crise financeira".
A reflectir o ambiente de incerteza estão as acções do sector. O Credit Suisse e o Deutsche Bank estão a ser novamente penalizados nesta sessão, tendo ambos atingido novos mínimos históricos. O banco suíço já chegou a negociar nos 9,81 francos suíços esta quarta-feira, estando agora a cair 1,93% para 9,895 francos. E o Deutsche Bank, que segue a perder 4,62%, já atingiu um mínimo nos 11,38 euros.
Numa sessão em que a banca italiana oscila entre ligeiros ganhos ou perdas, melhor está o Monde dei Paschi. Depois de ter afundado 31% nas últimas duas sessões, as acções do banco estão agora a disparar 11,05% para 0,2952 euros.
O índice de referência do sector bancário na Europa, o Stoxx banca, está a cair 1,9% na sessão desta quarta-feira, depois de ter desvalorizado 2,73% terça-feira.