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Problemas no GES não alteram "rumo" do Crédito Agrícola
O presidente do Crédito Agrícola, banco que era visto como favorito à compra do BBVA Portugal, continua a acreditar que a consolidação bancária vai acontecer. A turbulência gerada pelo GES pode até ser um catalisador.
O Crédito Agrícola era apontado como o melhor classificado para ficar com a unidade nacional do BBVA. Mas a operação de venda daquela operação em Portugal terá sido cancelada, decisão que se terá devido à turbulência causada pelo Grupo Espírito Santo. O que não altera os objectivos do banco português, que acredita que a consolidação no sector financeiro continua a ser o caminho.
"O Crédito Agrícola não desvia o seu rumo de qualquer projecto em que está envolvido apenas porque se levantam dificuldades noutro grupo financeiro", indicou o presidente Licínio Pina em respostas enviadas na semana passada por e-mail a questões do Negócios, relativamente aos problemas sentidos em várias sociedades do GES e seus impactos no Banco Espírito Santo e nos mercados financeiros. Tais dificuldades foram apontadas como os motivos para que o BBVA tenha colocado de "quarentena" a alienação da unidade nacional, segundo noticiou o El Confidencial.
"A actual situação do mercado financeiro não contribuirá para o atraso de qualquer consolidação bancária na medida em que os problemas gerados no GES são confinados a este grupo, e as consolidações far-se-ão para robustecer o sistema, podendo mesmo ser catalisador", acrescentou também Licínio Pina, líder do banco que apresentou um crescimento de 82% dos lucros nos primeiros seis meses do ano para os 22 milhões de euros.
"Não há tabus", foi o que disse o presidente do grupo bancário português no final de Abril sobre eventuais aquisições. O Crédito Agrícola tem interesse em comprar activos mas essa estratégia "depende do que houver para vender". Pina tem dito que o futuro da banca passará pela consolidação "como tem passado historicamente".
Até esta terça-feira, 29 de Julho, Licínio Pina nunca tinha admitido oficialmente que o português estava interessado em activos da unidade do espanhol BBVA em Portugal – algo que o Negócios havia já noticiado. Em entrevista à Lusa, o presidente do banco admite que "o Crédito Agrícola analisou o dossiê, continua a analisar e neste momento continua em negociação (...). Se não estivéssemos interessados, não analisaríamos".
O banco espanhol terá estado na mira de outros três grupos (Atlântico, BIC e Totta). O El Confidencial escreveu que o Crédito Agrícola era o favorito. Até que o BBVA, que também tem optado pelo silêncio, terá cancelado a operação.
Outro banco que já admitiu a vontade de crescer por aquisições, o BIC Portugal, não respondeu às questões do Negócios. Do lado dos bancos interessados em sair do país, o Barclays, que considerou as unidades dos países do sul da Europa como não estratégicas, também não fez comentários.