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Presidente da KPMG Portugal foi reconduzido no início de Fevereiro
Sikander Sattar mantém-se à frente da KPMG Portugal até 2018. Sattar é já o presidente da empresa que foi esta semana alvo de buscas no âmbito das investigações ao Universo Espírito Santo.
Sikander Sattar vai continuar a ser o presidente da KPMG Portugal. A designação do líder da auditora, que foi alvo de buscas por ter sido auditora do BES e do BES Angola, ocorreu a 4 de Fevereiro.
Segundo informações publicadas no portal da justiça, Sikander Sattar foi nomeado para liderar a KPMG Portugal SGPS para o triénio 2016/2018, juntamente com José Pereira da Silva e António Magalhães.
No site oficial, surgem cinco administradores na comissão executiva: Vítor Ribeiro, Luís Magalhães, Nasser Sattar, José Portugal e Sílvia Gomes. Não foi possível confirmar se a nomeação publicada no portal da justiça altera esta composição ou se em causa estão dois órgãos distintos.
O Negócios tentou obter outros esclarecimentos da auditora, nomeadamente relativos aos principais desafios no novo mandato, mas não obteve qualquer resposta.
A empresa, que além da auditoria, trabalha nas áreas de consultoria e fiscalidade, emprega perto de 1000 profissionais, segundo informações no seu site.
Foi na liderança de Sikander Sattar que a KPMG criou um momento de destaque para o sector das auditorias, com a contratação de cinco colaboradores da concorrente PwC, entre os quais o seu irmão, Nasser Natar. O movimento fez parte de uma aposta no mercado angolano. Sikander Sattar é o presidente da KPMG Portugal e também da KPMG Angola.
A auditora foi esta quarta-feira alvo de buscas por parte da Polícia Judiciária por ter sido auditora do BES e do GES. No âmbito dos inquéritos no âmbito do Universo Espírito Santo, houve averiguações na sua sede, no Saldanha, sendo que a auditora defende que é apenas "uma mera depositária de informação" e não visada nos processos em causa.
A ligação da KPMG ao GES
Nos últimos anos, foi desencadeada uma operação judicial designada de Universo Espírito Santo que investiga os movimentos que conduziram à queda do Grupo Espírito Santo, que controlava um dos maiores bancos privados do país, o BES. Para essa investigação foram enviadas as várias fases da auditoria externa realizada pela Deloitte por contratação do Banco de Portugal: uma dessas partes visava exclusivamente as relações entre o BES e o BESA. Tal como foi então noticiado, as falhas do sistema de prevenção do branqueamento de capitais e a informalidade na concessão de crédito pelo BESA foram algumas das conclusões.
A KPMG era a auditoria do Banco Espírito Santo em Portugal e do BES Angola, não tendo conseguido evitar que o primeiro criasse uma forte exposição ao banco angolano, que tinha concedido créditos sem garantias em torno de 3 mil milhões de euros (que obrigou o Estado de Angola a conceder uma garantia estatal).
Sikander Sattar esteve, por duas ocasiões, na comissão parlamentar de inquérito à gestão do BES e do GES, uma para falar enquanto presidente da KPMG Portugal e outra como KPMG Angola, defendendo que "o auditor externo do BES, a KPMG Portugal, andou a analisar, a detectar, a identificar, a verificar, a quantificar e a recomendar – em cima dos acontecimentos, repito – que os efeitos dos actos e operações efectuados fossem devidamente reflectidos nas contas". O BES contava para 5% da facturação da KPMG, segundo disse na mesma altura.
Apesar disso, as conclusões do relatório final do inquérito parlamentar lançavam críticas à actuação da auditora (e de outras que estavam ligadas a outras empresas do Grupo Espírito Santo, mas na área não financeira).
Em relação ao BES, a KPMG era também a auditora dos veículos montados pelo Credit Suisse de que os clientes emigrantes do banco e sucursais passaram a ter acções preferenciais – e de cujo investimento não deverão recuperar todo o investimento apesar da proposta comercial feita pelo Novo Banco. Estes veículos financiaram empresas do GES e o próprio BES.