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Prejuízos do Montepio mais do que duplicam no primeiro semestre

O Montepio viu mais do que duplicar os prejuízos no primeiro semestre do ano, período em que os depósitos e o crédito caíram. A penalizar os resultados estiveram ainda custos extraordinários, como o impacto da exposição à dívida da Oi.

Bruno Simão/Negócios
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A Caixa Económica Montepio Geral encerrou o primeiro semestre do ano com um prejuízo de 67,62 milhões de euros, um valor que é mais do dobro do verificado no mesmo período do ano passado, quando os prejuízos tinham sido de 28,9 milhões de euros.

De acordo com o comunicado enviado pelo banco à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), sem os "impactos específicos", o resultado líquido teria sido positivo, em 22,5 milhões de euros.

Como "impactos específicos", o banco considera os custos com a racionalização da estrutura (32 milhões) as contribuições para os fundos único e nacional de resolução (26,4 milhões), efeito fiscal (20,5 milhões) e investimentos financeiros (52,2 milhões de euros).

Este último valor – 52,5 milhões – resulta do impacto das imparidades extraordinárias devido à exposição à dívida da Oi (57 milhões de euros) e à participação no Fundo Vallis (7 milhões de euros), deduzido do impacto positivo da venda da participação na Visa Europa (11,5 milhões de euros).

Segundo o presidente do banco, José Félix Morgado, em declarações ao Negócios, os custos de racionalização "não são repetíveis no segundo semestre", uma vez que o redimensionamento do quadro de pessoal e da rede de balcões "ficou concluído em Junho": fecharam-se 100 balcões e saíram 350 pessoas. 


Os depósitos de clientes caíram 3,7% em termos homólogos, para 12,69 mil milhões de euros, apesar de uma subida entre o primeiro e o segundo trimestre. O produto bancário caiu 32% no primeiro semestre, para 194,3 milhões de euros, apesar de entre o primeiro e o segundo trimestre ter registado um aumento de 6,9% devido a desempenhos positivos da margem financeira comercial.

A penalizar o produto bancário no semestre do banco liderado por José Félix Morgado (na foto) esteve a queda dos resultados de operações financeiras, em grande medida devido à menor venda de títulos de dívida portuguesa – de 69,5 milhões no primeiro semestre de 2015 para apenas 3 milhões no de 2016.

"O semestre mostra que o resultado comercial está a melhorar, com a subida da margem financeira e das comissões. Começa a notar-se a nova dinâmica comercial prevista no plano estratégico", refere contudo o líder do banco. 

No semestre, o crédito bruto a clientes recuou – 4,7% para 15,6 mil milhões de euros -, ao passo que o activo líquido ficou em 21,38 mil milhões de euros, menos 3,4% que no mesmo período de 2015. Já as dotações para imparidades de crédito caíram 38,4% para 93,137 milhões de euros.

Os custos com pessoal aumentaram 27,8% para 130,22 milhões de euros. Contudo, "excluindo custos com o processo de racionalização da estrutura operativa, apresentaram uma redução homóloga de 5,5%", refere o comunicado.

"Sem efeitos extraordinários, já houve uma redução de custos de 5,5%. Esta tendência vai amplificar-se no segundo semestre", explica Félix Morgado. 

O rácio de capital Common Equity Tier 1 (CET1), fully implemented, reforçou-se em 101 pontos base para os 8,3%, enquanto o rácio phasing-in melhorou 74 pontos base para 10,3%. O rácio de crédito com incumprimento aumentou 2,1 pontos percentuais, para 10,9%. Já as entradas de créditos em incumprimento registaram uma diminuição homóloga de 29,1%.

Sobre a recente retirada da isenção de horários a colaboradores do banco, Félix Morgado defende que as alterações foram feitas respeitando a lei. E que a falta de crescimento da economia "coloca desafios importantes" que obriga a tomar medidas "quando é necessário (...) com um critério uniforme e equitativo, com a preocupação de preservação de postos de trabalho".

(Notícia actualizada às 18:25 com declarações de José Félix Morgado)

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