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Nenhum antigo accionista do Banif quis comprar posição ao Estado
Quem era accionista do Banif em 2013 podia adquirir, entre 13 de Julho e 7 de Agosto, a posição que está nas mãos do Estado. O preço, o dobro da actual cotação do banco, dificultou a concretização dessa operação. Já em 2014 ninguém fez uso desta faculdade.
"O Banco Internacional do Funchal, S.A. informa que não foram exercidas faculdades de aquisição, pelo que não foram vendidas acções representativas do seu capital social, detidas pelo Estado Português, durante o segundo período de exercício (de 13 de Julho a 7 de Agosto de 2015) da faculdade de aquisição de acções", informou o Banif em comunicado divulgado este domingo junto da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
Já em 2014, aquando do primeiro período de exercício da faculdade de aquisição das acções do Banif ao Estado português, por parte de quem era accionista do banco antes da intervenção pública, não houve qualquer operação de compra. Isto porque, conforme o Negócios sublinhou na altura, só um grande accionista do Banif poderia adquirir a participação estatal no banco, dado que as acções foram disponibilizadas acima do preço do mercado.
Desde que o Estado entrou no capital do banco liderado por Jorge Tomé (na foto), injectando 1,1 mil milhões de euros, uma parte através da subscrição de 70 mil milhões de acções especiais representativas do capital do banco, que se sabe que quem era accionista a 25 de Janeiro de 2013 poderia vir, todos os anos, a comprar uma parte da posição estatal.
Este exercício de compra é uma opção legal que é comunicada pelo Ministério das Finanças, todos os anos, até que o Estado deixe de ser accionista.
O objectivo desta faculdade é a de permitir que quem era accionista antes da injecção de dinheiro público possa recuperar a sua participação relativa no banco. Mas o preço a que é praticada dificulta essa intenção do legislador: tem de ser o valor mais alto entre o preço que representa um retorno anual global de 10% sobre o montante médio pago pelo Estado ou a média ponderada da cotação. Foi assim que ficou definido o preço de subscrição de 1,27 cêntimos por acção para esta segunda fase.
Os accionistas do Banif à data da injecção de dinheiro estatal (2013) tiveram assim, agora, uma segunda oportunidade para adquirirem a posição pública no banco. Este é um período que tem de ser obrigatoriamente instituído mas, na prática, é uma operação que se sabia que dificilmente seria executada. Isto porque a aquisição da participação do Estado tinha de ser feita a 1,27 cêntimos, mais do dobro da cotação actual do banco fundado por Horácio Roque, que segue nos 0,6 cêntimos.
No primeiro período de exercício das opções de compra, que ocorreu em 2014, também ninguém comprou acções do Estado. E, na altura, a diferença entre o preço a receber pelo Estado e o preço das acções do Banif era menor: o preço era 1,15 cêntimos e as acções chegaram a negociar, na altura, nos 1,03 cêntimos.
Na passada sexta-feira, 7 de Agosto, o Banif reportou, em comunicado à Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), que o resultado líquido consolidado nos primeiros seis meses de 2015 se situou em 16,1 milhões de euros, contra um prejuízo de 97,7 milhões de euros no período homólogo de 2014.
Desde 2011 que o Banif não reportava lucros no primeiro semestre. A 11 de Maio, quando apresentou as contas do primeiro trimestre, apontou um resultado líquido positivo de 6,5 milhões de euros, contra um prejuízo de 39,7 milhões de euros entre Janeiro e Março de 2014 - desde 2010 que não tinha números verdes neste período.
(notícia actualizada às 23h33)