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Mudanças na administração do BES até final de Junho
A administração do BES terá de mudar até 30 de Junho, diz o "Expresso". A grave situação financeira do grupo, detectada em auditorias à holding obriga a alterações no sentido de reforçar a independência da gestão.
O Banco Espírito Santo (BES) e o Banco de Portugal acordaram prazos para a reestruturação do grupo que passará, entre outras questões, pela alteração dos administradores. As mudanças na administração do BES terão de ser feitas até ao final do próximo mês, escreve o "Expresso" na edição desta sexta-feira, 23 de Maio.
Ainda não se sabe quem sairá nem quem permanecerá à frente da gestão do grupo, mas é certo que as alterações a fazer responderão à preocupação de reforçar a independência da gestão, face aos accionistas da instituição. O que está alinhado com a proposta de alteração da lei bancária que está a ser ultimada, noticia esta manhã o Negócios.
A necessidade de eliminar a posição de controlo no BES é uma condição para que a supervisão financeira fique limitada ao banco, em vez de incluir o Espírito Santo Financial Group (ESFG), como até agora. Concentrar a supervisão no BES foi uma determinação do Banco de Portugal para salvarguardar a instituição da "grave" situação da área não financeira do Grupo, explica o Negócios. Já em Abril o Negócios tinha noticiado que quer o Banco de Portugal, quer a CMVM defendiam que os accionistas do BES aproveitassem a sucessão de Ricardo Salgado para autonomizar a gestão executiva da propriedade do banco.
A auditoria a pedido do Banco de Portugal ao Espírito Santo International "identificou irregularidades nas contas" da "holding" de controlo do Grupo Espírito Santo, que apresenta "uma situação financeira grave", uma informação que foi conhecida na noite de terça-feira no prospecto de aumento de capital do Banco Espírito Santo. Em causa estão as empresas não financeiras do grupo. Segundo o "Expresso", o Espírito Santo Internacional não registou 1,2 mil milhões de dívida nas contas.
Na entrevista desta semana ao Negócios, o banqueiro Ricardo Salgado admite que "o grupo
cometeu erros" na gestão da holding Espírito Santo Internacional. Nas contas da ESI foi detectada dívida não contabilizada, bem como uma consolidação de várias holdings que estava por fazer.
"Assumo que o grupo cometeu erros, mas erros provocados pela nossa estrutura e organização no topo, à qual devíamos ter prestado mais atenção", admitiu o banqueiro. Ricardo Salgado justificou ainda a situação com a crise de 2008, que levou a que as atenções e os esforços se concentrassem no sector financeiro, levando "a uma menor atenção na área não financeira".
Por sua vez, o "Sol" escreve esta sexta-feira que o BES atribuiu créditos de 21 milhões de euros, a título de financiamento pessoal, a administradores, directores-gerais, comissão de auditoria, assessores do Conselho de Administração e administradores de empresas subsidiárias do banco. Um valor referente ao final de 2013. A estes 21 milhões somam-se ainda 3,1 milhões de créditos concedidos a outros administradores do Espírito Santo Financial Group. Valor inscrito no prospecto de aumento de capital que o banco vai realizar entre 27 de Maio e 9 de Junho. No total, o banco pretende vender 1.607.033.212 novos títulos, a um preço de 65 cêntimos cada, com vista a aumentar os rácios de capital da instituição.