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Governador diz que elevado malparado nos bancos serviu para proteger as famílias

O governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, disse esta quinta-feira que o elevado valor de crédito malparado no balanço dos bancos é consequência de estes terem funcionado como amortecedores da crise financeira para as famílias.

Bruno Simão/Negócios
01 de Junho de 2017 às 13:41
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"Temos elevados NPL ['non-performing loans', crédito malparado] porque temos um sistema bancário que serviu de 'buffer' entre a crise e o aforrador, teve um papel de amortecedor", disse Carlos Costa, em Lisboa, numa conferência sobre regulação e supervisão financeira.

Segundo o responsável pelo banco central, nos Estados Unidos da América, onde o mercado de capitais é forte, a crise significou elevadas perdas patrimoniais nas famílias.

Já na Europa, foi o sistema bancário que começou por absorver os efeitos da crise, com o crédito malparado, que cresceu significativamente nos últimos anos, evitando maiores efeitos no património das famílias.

Também as medidas tomadas pelos bancos centrais tiveram efeito na menor penalização das famílias, acrescentou o governador.

Contudo, disse Carlos Costa, isto também explica que a crise europeia esteja a ser mais prolongada do que a norte-americana.

"Estamos num tratamento prolongado [de cura na Europa], mas a questão que se coloca é que os tratamentos prolongados debilitam o paciente", afirmou, dizendo que é isso que faz com que tenhamos um sistema bancário já mais capitalizado, mas que não consegue acompanhar as necessidades de financiamento da economia.

O elevado crédito problemático no balanço dos bancos portugueses tem sido apontado como um dos graves problemas destes.

Segundo dados recentes do Banco de Portugal, no final de Abril deste ano, o rácio de empréstimos em incumprimento era de 15,4% face ao crédito total, abaixo dos 16,1% de Abril de 2016.

Já nas famílias, o valor passou de 5,1% de crédito vencido em Abril de 2016 para 4,7% em igual mês deste ano.

Como habitualmente, nas famílias, o malparado é maior no crédito a consumo e outros fins - 11,9% em Abril (ainda assim abaixo dos 14,2% de há 12 meses) -, do que nos empréstimos à habitação (3,0% em Abril, o mesmo de há um ano).
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