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Goldman Sachs retira centenas de funcionários de Londres antes do Brexit
O CEO da filial europeia do banco norte-americano confirmou que será entretanto iniciado o plano de contingência para lidar com o Brexit e que passará pela retirada de centenas de funcionários da capital inglesa.
O Goldman Sachs International, filial europeia da instituição americana e que tem sede em Londres, anunciou esta terça-feira, 21 de Março, que vai em breve dar início à retirada de centenas de funcionários até aqui instalados na capital inglesa, processo que se irá desenrolar no âmbito de um plano de contingência preparado pela instituição para lidar com o Brexit.
O CEO do Goldman Sachs International, Richard Gnodde, confirmou, em declarações à CNBC, que "vamos iniciar a execução dos nossos planos de contingência", admitindo que nesses planos para lidar com a saída britânica da União Europeia (UE) consta a retirada de centenas de funcionários de Londres.
As declarações de Richard Gnodde surgem no dia seguinte à confirmação de que o Reino Unido irá accionar no próximo dia 29 de Março o artigo 50 do Tratado de Lisboa, momento a partir do qual serão iniciadas negociações formais com vista ao Brexit.
Antes ainda do referendo britânico que teve lugar em Junho do ano passado, várias instituições financeiras alertaram que poderiam mover as respectivas sedes bem como muitos postos de trabalho da capital inglesa se o Reino Unido abandonasse o mercado único europeu.
A confirmação dada pela primeira-ministra britânica, Theresa May, de que Londres irá optar por um "hard Brexit, o que significa o abandono de todas as instituições e acordos firmados no âmbito da UE, confirmou as piores expectativas de muitas empresas com presença na "city" londrina.
Não sendo ainda possível antecipar qual será a base da conclusão das conversações em torno do Brexit, nem que tipo de acordo ou acordos serão consagrados para definir as relações entre Bruxelas e Londres depois de concluída a saída britânica do bloco europeu, o CEO do Goldman Sachs International considera ser fundamental perceber que tipo de acordos transitórios poderão ser alcançados por forma a minimizar o impacto do Brexit.
Richard Gnodde recusou adiantar a que cidades ou países o GSI dará preferência, embora tenha recordado que a instituição por si liderada tem licenças de operação bancária em França e na Alemanha, além de escritórios espalhados por várias cidades europeias.
Questionado sobre se a estratégia vai passar pela deslocação de trabalhadores de Londres para outros locais ou pela contratação de trabalhadores na Europa continental, Gnodde referiu que será "uma combinação" das duas. "Vamos contratar pessoas na Europa e haverá algum movimento" de trabalhadores, explicou.
O Goldman Sachs International emprega cerca de 6 mil funcionários em Londres, cidade a partir da qual presta serviços financeiros para toda a Europa. O português Durão Barroso (na foto), ex-presidente da Comissão Europeia e actual presidente não executivo do conselho de administração do GSI, tem como base de trabalho a capital inglesa.
A polémica contratação de Durão Barroso, anunciada em Julho do ano passado, escassos dias depois do referendo britânico, foi justificada com o papel que o português exerceria na relação com a UE, em particular no aconselhamento sobre o Brexit. O próprio declarou então ao Financial Times que tudo faria para "mitigar os efeitos negativos" do Brexit.