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Goldman perde IPO da Uber mas tem um consolo de 12.000%
O Goldman Sachs perdeu a oportunidade de coordenar um dos maiores IPO dos últimos anos: o da Uber Technologies. Mas tem um consolo.
O Goldman vai contar com um retorno de 600 milhões de dólares a partir de uma aposta de apenas 5 milhões de dólares que os banqueiros do Goldman fizeram com o dinheiro da própria empresa em 2011, apenas um ano depois de a Uber ter começado a operar no mercado de transporte urbano.
Como o Goldman perdeu a preferência no processo de entrada em bolsa da Uber, a start-up da década, para o Morgan Stanley é apenas a mais recente disputa de uma longa rivalidade. Mas como o Goldman está a conseguir ganhar dinheiro da mesma forma é outra história.
A situação deixa o Goldman na rara posição de torcer pelo seu tradicional inimigo. Se o Morgan Stanley conseguir promover bem a ação e atingir o teto superior do preço da Uber, o ganho do Goldman será de 12.000%.
Foi uma aposta com poucas possibilidades de correr bem que envolveu os principais executivos da empresa, algumas disputas internas e pelo menos um cético - David Solomon, segundo uma pessoa envolvida na decisão. No início, o gestor não estava convencido, mas acabou por apoiar o negócio.
"Recordo-me que muitas pessoas pensaram que não era um bom investimento - um fenómeno localizado, de curta duração", disse Gary Cohn, ex-presidente do Goldman, referindo-se à decisão de apostar na Uber.
"Definitivamente, havia pessoas que não compravam a ideia. Reforcei o compromisso de capital através da empresa."
Cohn não identificou quem é que se opôs ao investimento, mas disse que o desacordo era sinal de boa "due diligence". O ganho do Goldman estimado em 600 milhões de dólares é calculado com base na provável avaliação de 10 milhões de ações que o banco ainda detém, em conjunto com os lucros que já obteve numa venda de ações para o SoftBank.
Nos anos após a crise financeira, Solomon - então co-diretor do banco de investimentos do Goldman, e agora CEO da empresa - defendeu a criação de um fundo que impulsionou o investimento na Uber, segundo Gregg Lemkau, que comandou a unidade de tecnologia, media e telecomunicações na altura e agora lidera a divisão do banco de investimento da empresa.
O fundo tinha uma quantia de capital próprio do banco para investir em start-ups promissoras. A ideia: aplicar o dinheiro em empresas novas e esperar que o seu crescimento simultaneamente trouxesse lucros e melhorasse as credenciais do banco de Wall Street para mandatos de banco de investimento.
Durante a ascensão da Uber, a atuação do Morgan Stanley não era tão evidente, com exceção de medidas subtis como a decisão de permitir que funcionários do banco pudessem pedir reembolsos das despesas com corridas da Uber.
Uma sequência de eventos por volta de 2016 começou a mudar este quadro, enfraquecendo a posição do Goldman.
Semanas após a eleição de Donald Trump em 2016, Cohn saiu para integrar a equipa da Casa Branca. No ano seguinte, o líder da Uber foi substituído, após alegações de comportamento impróprio e cultura tóxica no local de trabalho.
O Morgan Stanley continuou a estreitar o contato, coordenando colocações privadas e ofertas de dívida. Michael Grimes, que faz parte da gestão do Morgan Stanley, chegou a trabalhar como motorista da Uber. E, como um dos principais subscritores de IPO de tecnologia de Wall Street, o Morgan Stanley foi uma escolha segura para o conselho da Uber, quando a empresa sentiu que estava preparada para a oferta.
(Texto original: Goldman's 12,000% Consolation After Morgan Stanley Wins Uber IPO)