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CEO do BES: "Fiquei perplexo" ao ler que a Akoya estava a ser investigada
Ricardo Salgado diz ter ficado "perplexo" quando leu que a Akoya estava a ser investigada pela Justiça portuguesa.
O presidente executivo do BES confirma que Nicolas Figueiredo geria uma conta sua no UBS, explicando que já era gestor dessa conta e daquele banco antes de existir a Akoya. E diz que tem essa conta, pessoal, desde os anos 80, quando vivia na Suíça, após a saída de Portugal na sequência das nacionalizações de 75.
A ligação do líder do grupo Espírito Santo à Akoya é assim feita através de Nicolas Figueiredo, o que o despacho do DCIAP citado nesta edição confirma, quando diz que Ricardo Salgado foi "cliente de um dos arguidos conexos com a entidade Akoya". Mas como?
Ricardo Salgado explicou esta terça-feira, confrontado pelo Negócios. Quando chegou à Suíça para viver, em 1982, abriu uma conta no UBS - Union des Banques Suisses, onde eram creditados os seus rendimentos de trabalho (na altura, a instituição financeira da família, onde trabalhava, não era banco). Em meados do ano 2000, a sua conta passou a ter como gestor Nicolas Figueiredo, com quem trabalharia durante vários anos. "Em 2007, no âmbito de um movimento generalizado de saída de vários gestores do UBS, Nicolas Figueiredo propôs- -me continuar como meu gestor. Julgo ter sido nessa altura que se associou a Michel Canals na empresa Akoya". Na prática "nada mudava, a carteira de investimentos – não especulativos, de longo prazo – continuava a ser gerida pelo mesmo gestor, Nicolas Figueiredo. E "tudo correu normalmente até 2012".
Em 2012, a revista "Sábado" revela que o Ministério Público estava a investigar a empresa Akoya, como suspeita de ser uma rede de fuga ao fisco e branqueamento de capitais, no âmbito do caso que ficou conhecido como Monte Branco: "Fiquei perplexo", responde Ricardo Salgado. E o mandato ao Nicolas Figueiredo foi cancelado.
Quanto à ligação de Álvaro Sobrinho, presidente não executivo do BES Angola, à Akoya, o banqueiro optou por não fazer quaisquer comentários. Segundo revelou publicamente em Dezembro, Sobrinho é accionista da gestora de fortunas suíça através da sociedade Coltville. Numa carta publicada no "Sol", o gestor garantia "não pertencer nem nunca ter pertencido a qualquer órgão de gestão desta sociedade". O líder do BES Angola adiantava ainda ter solicitado "à autoridade de supervisão suíça uma inspecção extraordinária à Akoya", depois de os gestores da sociedade terem sido constituídos arguidos.