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Filipe Pinhal: "É indesmentível que Governo tinha grande influência na CGD e no BES"
O antigo administrador do BCP diz que se à CGD e ao BES se juntasse o BCP, o Governo passaria a controlar mais de 60% do mercado de crédito" em Portugal.
Filipe Pinhal, ex-administrador do BCP, diz que o Governo, à data liderado por José Sócrates, tinha uma "grande influência" tanto na Caixa Geral de Depósitos (CGD) como no Banco Espírito Santo (BES). Se esta influência chegasse ao BCP, refere, o Executivo passaria a controlar mais de metade do mercado de crédito.
"O primeiro facto é o seguinte: é indesmentível que o governo – e aqui não se limita ao primeiro-ministro José Sócrates – tinha uma grande influência quer na CGD, quer no BES", afirma Filipe Pinhal na comissão parlamentar de inquérito à gestão do banco estatal.
À data, explica, a CGD tinha uma quota de mercado de cerca de 24%, enquanto o BES representaria 18%. Se a estas instituições financeiras se juntasse o BCP, o "Governo passava a controlar 60% do mercado de crédito e isso é importantíssimo".
Isto numa altura em que também a Sonangol estava "interessadíssima" em controlar o BCP. "A elite angolana estava muito interessada em ter em Portugal um largo espetro de bancos de destino para as exportações de capital".
De acordo com o ex-administrador do BCP, "as exportações de capital distribuídas por seis ou sete bancos davam menos nas vistas", explica Filipe Pinhal aos deputados, relembrando que a Sonangol anunciou no dia 1 de junho de 2007 a tomada de posição de 2% do capital do BCP e anunciou a sua intenção de aumentar esta participação, tal como veio a acontecer. E acrescenta: "A Sonangol fez isto depois de se aconselhar com o primeiro-ministro José Sócrates".
Na mesma audição, Pinhal aproveitou para "desmentir" Joe Berardo, negando ter sugerido ao comendador um empréstimo na CGD para a compra de ações do BCP. Isto numa altura em que o empresário estava prestes a assinar uma proposta para destituir Filipe Pinhal. "Seria altamente improvável que ajudasse Berardo a ter mais votos para me destituir", afirma o ex-administrador da Caixa.