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Exposição da banca portuguesa aos PALOP cai praticamente para metade
Os bancos portugueses detinham 77,4 mil milhões de euros de activos financeiros internacionais, dois terços localizados na União Europeia, de acordo com o Banco de Portugal.
A exposição da banca portuguesa às economias africanas de língua portuguesa caiu para cerca de metade em 2017, face ao ano anterior, segundo revela o Banco de Portugal.
"Na óptica do risco de última instância, no final de 2017, os bancos portugueses detinham 77,4 mil milhões de euros de activos financeiros internacionais, dos quais cerca de 2/3 localizavam-se na União Europeia. Em comparação com o ano anterior verificou-se um decréscimo de 7 mil milhões de euros", assinala a nota de informação estatística do regulador. É a mais baixa exposição dos últimos anos.
Em causa está uma das formas de medição do peso dos activos internacionais nos bancos com sede em Portugal: a exposição dos bancos aos mercados onde está sediada a contraparte de determinado negócio, mas em que há um terceiro interveniente que substitui a contraparte como garante do compromisso.
A maior parte da exposição, cerca de dois terços, é a países da União Europeia, que subiu ligeiramente em 2017 em relação ao ano anterior. O mesmo não aconteceu com os países africanos de língua oficial portuguesa (PALOP), em que a exposição àqueles mercados cedeu 44%. Angola e Moçambique são os países que tradicionalmente mais pesam neste indicador.
Foi em 2017 que o BPI alienou o controlo no Banco de Fomento de Angola, para respeitar a exigência do Banco Central Europeu (BCE) de diminuir a exposição à economia angolana.
Há também a leitura destes dados dos activos financeiros internacionais detidos pelos bancos portugueses na óptica de risco imediato, em que é a contraparte directa a assumir o compromisso. "No último trimestre de 2017, os activos financeiros internacionais dos bancos portugueses, na óptica do risco imediato, situavam-se em 75,5 mil milhões de euros, menos 8 mil milhões de euros em relação ao final de 2016", continua.
Por exemplo, no caso dos PALOP, era maior a exposição dos bancos portugueses em risco imediato do que em risco de última instância. O que, explica o Banco de Portugal, se deveu ao facto de "parte dos activos que [os bancos] detinham sobre entidades residentes nos PALOP [serem] garantidos por entidades não residentes neste grupo de países".
Como explica o regulador, a informação relativa aos activos financeiros internacionais "caracteriza a exposição ao risco dos bancos com sede em Portugal, em particular ao risco-país, associada aos activos financeiros (excepto derivados financeiros) detidos por via da sua actividade internacional, incluindo os activos internacionais das filiais e sucursais localizadas no exterior".