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Ex-administrador da CGD: Reestruturação da dívida de Berardo foi uma "boa decisão"

Rodolfo Lavrador, ex-administrador executivo do banco estatal, considera que a operação foi um "passo frente" e que permitiu à CGD vender as ações à medida que Berardo entrava em incumprimento.

Miguel A. Lopes/Lusa
30 de Maio de 2019 às 20:19
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Rodolfo Lavrador (na foto), ex-administrador da Caixa Geral de Depósitos, considera que a operação de reestruturação da dívida de Joe Berardo, em 2011, foi uma "boa decisão" e que foi um "passo em frente" neste crédito que acabou por se revelar ruinoso para o banco estatal.

 

"Entendo que foi uma boa decisão. Em 2011, os títulos do BCP já não tinham grande valorização e, naquele momento, penso que foi importante aquilo que conseguimos fazer. Porque foi um passo em frente", disse Rodolfo Lavrador aos deputados na comissão parlamentar de inquérito à gestão da CGD. 

 

O responsável, que assumiu a área jurídica da CGD quando entrou no banco em 2008, disse ter "ideia que nessa altura já estava constituída a possibilidade de haver algum tipo de garantia sobre os títulos da Associação Coleção Berardo". 

 

Quando questionado pelo deputado do PSD Duarte Marques sobre o porquê de o banco estatal não ter vendido as ações, Rodolfo Lavrador adiantou que "aquilo que foi explicado na altura é que isto não poderia ser feito sem uma operação estruturada". E que, "em vez de se fazer aquela venda com um enorme desconto", a Caixa podia ir "vendendo as ações consoante se viessem a verificar incumprimentos". A venda foi, assim, feita "gradualmente" e de forma "mais proveitosa para a Caixa". 

 

Com esta reestruturação foi depois possível fazer o acordo-quadro entre Joe Berardo e os restantes bancos.

 

Recusa participação na operação La Seda

 

Ainda na mesma audição, Rodolfo Lavrador garantiu não ter participado em algumas das operações que acabaram por provocar perdas avultadas à CGD, nomeadamente a La Seda e Artlant – a fábrica em Sines que foi entretanto comprada pela empresa Indorama. 

 

"Diretamente, nunca tive qualquer responsabilidade, seja na parte da La Seda, seja na parte da Artlant", afirmou o empresário. Isto apesar de ter sido responsável pelo banco da CGD em Espanha, o Banco Caixa Geral.

 

A operação de financiamento à Artlant por parte do banco estatal é um dos empréstimos referidos na auditoria da EY a 16 anos de gestão ao banco estatal. E que acabou por ser um dos mais ruinosos para o banco liderado por Paulo Macedo. 

 

A Artlant foi um projeto em que a CGD, então liderada por Carlos Santos Ferreira, teve uma palavra decisiva. O banco público entrou para o capital da catalã La Seda de Barcelona, tendo depois trazido o projeto para Portugal, em que o poder político esteve, também, envolvido.

 

Foi o Governo de José Sócrates que, em 2007, atribuiu o estatuto de PIN à fábrica de Sines - razão pela qual o Estado, através do AICEP, também reclamou 33 milhões de euros no PER, depois retirado. A construção iniciou-se um ano depois, também com a primeira pedra a ser lançada numa cerimónia apadrinhada pelo então primeiro-ministro. 

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