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Danièle Nouy: “Temos que aceitar que alguns bancos não têm futuro”
A líder do mecanismo único de supervisão, organismo do BCE que este ano assume a regulação dos maiores bancos europeus, defende que as instituições financeiras fracas devem ser eliminadas.
Danièle Nouy, presidente do conselho do mecanismo único de supervisão, assumiu uma postura mais agressiva na sua primeira entrevista após assumir o cargo no organismo do BCE.
“Temos que aceitar que alguns bancos não têm futuro”, disse a responsável em entrevista ao “Financial Times”, descartando que os movimentos de consolidação sejam a solução para os bancos mais fracos da Zona Euro. “Temos que permitir que alguns [bancos] desapareçam de uma maneira ordeira e não necessariamente tentar que concretizem uma fusão com outras instituições”, acrescentou.
Nesta entrevista, a antiga secretária-geral da Autoridade de Supervisão de Bancos e Seguros de França também sugeriu que quer enfraquecer as ligações entre os bancos e os países.
“Uma das grandes lições da crise actual é que não existe activos sem risco, pelo que [a dívida
dos países] soberanos não são activos sem risco. Isso já está demonstrado, pelo que agora temos que agir”, disse Danièle Nouy na entrevista ao jornal britânico. “O que posso contudo admitir é que este pode não ser o melhor momento, no meio da crise, para alterar as regras”, acrescentou a responsável, apelidada pelo FT como a “super-reguladora” da Zona Euro.
O mecanismo único de supervisão (SSM, na sigla em inglês) foi criado recentemente no BCE, no âmbito da União Bancária, sendo que será este organismo a assumir a regulação dos 130 maiores bancos europeus. Tal deverá acontecer no final deste ano, sendo que até lá serão conduzidos testes de stress às maiores instituições financeiras, numa lista onde figuram quatro bancos portugueses: CGD, BCP, BPI e ESFG.
Danièle Nouy acredita que os bancos europeus estão num melhor estado do que os investidores pensam e aguarda que a revisão à qualidade dos activos das instituições financeiras da região revele isso mesmo, ao providenciar mais transparência sobre esses activos.
O SSM terá 800 trabalhadores para assegurar a regulação dos maiores bancos europeus, mas Danièle Nouy diz que o BCE não terá reservas em assumir a regulação dos bancos de menor dimensão, caso tal seja necessário. “Todos os bancos [da Zona Euro] têm que ser supervisionados de acordo com o mesmo manual e as mesmas regras e o BCE pode assumir a supervisão directa de um pequeno banco”, acrescentou a responsável.