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Crédit Agricole contestou provisões nas contas de Junho do BES
Os representantes do Crédit Agricole na administração do BES tentaram reduzir as provisões de mais de 4.000 milhões contabilizadas pelo banco no final de Junho. Os gestores franceses tentaram evitar “um excesso de prudência” devido ao impacto das provisões na solidez da instituição, refere o Diário Económico.
Os dois representantes do Crédit Agricole na administração do BES, Marc Oppenheim e Xavier Musca, mostraram preocupação com o nível de provisões que o BES registou nas contas de Junho e que levaram o banco a contabilizar perdas de 3,6 mil milhões de euros. Os gestores franceses receavam o impacto das provisões na solidez da instituição, então liderada por Vítor Bento.
Evitar a "tentação de um excesso de prudência" foi a preocupação expressa por Oppenheim na reunião do conselho destinada a aprovar as contas, de acordo com o relato do Diário Económico, publicado esta quarta-feira, 29 de Outubro. O banqueiro defendeu que além de "fidedigna", a fotografia da situação do banco devia ser "prudente" e sublinhou a "especial responsabilidade" da administração.
De acordo com o jornal, este administrador, que representava o segundo maior accionista do BES, com cerca de 15%, contestou a intenção de provisionar a 100% os compromissos assumidos pelo banco por garantir liquidez de curto prazo aos clientes de retalho que tinham feito aplicações em obrigações da instituição de muito longo prazo. Esta exposição resultou em imparidades de 1.500 milhões.
Outro dos temas que levantou dúvidas aos gestores do Crédit Agricole foi a garantia de reembolso das aplicações feitas pelo Estado venezuelano em dívida do Grupo Espírito Santo e cujo pagamento foi assumido pelo BES através de duas cartas assinadas por Ricardo Salgado e José Manuel Espírito Santo. Segundo foi revelado na altura pelo Banco de Portugal, estes documentos foram assinados em violação das regras da instituição.