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Carlos Costa alerta para risco de "bancos zombie" na Europa

O governador do Banco de Portugal diz que é necessário encontrar uma solução para o crédito malparado dos bancos. Caso contrário, não terão capacidade para aumentar o crédito mesmo que sejam solventes.

Bruno Simão
Negócios 14 de Junho de 2016 às 09:34
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O governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, avisou esta terça-feira, 14 de Junho, que a Europa enfrenta o risco dos "bancos zombie".

Numa conferência em Sopot, na Polónia, Costa afirmou que os bancos europeus têm problemas de rentabilidade, numa altura em que precisam de desalavancar, adaptar-se às novas tecnologias e lidar com o malparado, na sequência da crise financeira mundial.

O governador do Banco de Portugal considera que há o risco "de os bancos não terem capacidade suficiente para aumentar o crédito", mesmo que sejam solventes e tenham liquidez suficiente. "Temos de quebrar esse círculo vicioso", afirmou Costa, citado pela Bloomberg.


O responsável pela banca portuguesa defendeu ainda que a Zona Euro precisa de desenvolver regulamentação para criar mercado para o crédito malparado dos bancos.

Essa é, aliás, uma "batalha" travada pelo governador, que defende a criação de um banco mau que fique com os activos não produtivos que estão nos balanços dos bancos.

Num artigo de opinião para o Jornal de Negócios, Costa explicou recentemente que o banco mau "não será um banco, uma vez que não receberá depósitos nem concederá crédito". O seu papel será outro, o de "gerir uma carteira de activos, que poderá titularizar, colocando as ‘tranches’ sénior e ‘mezzanine’ junto de investidores finais, sobretudo institucionais".

"Uma das medidas essenciais para repor a rentabilidade é extrair do balanço os activos não produtivos através da venda a terceiros ou da transferência para um veículo que assuma a gestão e a recuperação do respectivo valor", defendeu o governador no mesmo artigo.

Os bancos transfeririam parte do seu malparado para esse veículo, mas isso teria de ser necessariamente feito a desconto, gerando necessidades de capital. "Na falta de investidores privados e dada a natureza sistémica do problema dos activos não produtivos, será necessário um esquema público nacional e europeu que garanta a cobertura das necessidades de capital e que as minimize", explicou Costa, explicitando que "esse esquema poderá ser uma garantia do soberano e uma contragarantia do Mecanismo Europeu de Estabilidade".

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