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Calendário para venda do Novo Banco apanha interessados sob tensão

Restam dois dias para entregar propostas pelo Novo Banco. As ofertas vinculativas pelo herdeiro do BES têm de ser entregues até 4 de Novembro. Consoante o que chegar, decide-se se há venda directa ou a vários investidores. O calendário apanha BCP e BPI sob tensão.

Bruno Simão/Negócios
02 de Novembro de 2016 às 11:05
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Restam dois dias para a entrega de propostas vinculativas pelo Novo Banco. 4 de Novembro é a data-chave para decidir-se qual o modelo de alienação escolhida pelo Banco de Portugal neste segundo processo de venda da instituição herdeira do Banco Espírito Santo. Mas há compradores com dificuldades no calendário.

 

BCP repete carta?

 

O primeiro é o Banco Comercial Português. O Dinheiro Vivo escreve, esta quarta-feira, que a instituição financeira liderada por Nuno Amado deverá manter a mesma proposta que já tem em cima da mesa na sexta-feira: "No Novo Banco fizemos uma carta de interesse com determinado perfil. Temos acordo de confidencialidade, não podemos fugir desse acordo de confidencialidade", afirmou o presidente executivo a 29 de Julho.

 

O Dinheiro Vivo indica - e o Negócios tem informações no mesmo sentido - que essa deverá ser a mesma carta a ser entregue na fase das propostas vinculativas. Ou seja, fica nas mãos do Banco de Portugal e do Fundo de Resolução, accionista único do Novo Banco, decidir se é aceita ou se há uma exclusão desta proposta que, segundo o que foi noticiado, não tinha preço.

 

O BCP não altera a proposta num momento em que se estão a cumprir vários passos para a entrada da Fosun no seu capital. Na próxima semana, dia 9, realiza-se a assembleia-geral que vai votar a subida do limite dos direitos de voto no banco de 20% para 30% e o alargamento do conselho de administração para acomodar a entrada de representantes do conglomerado chinês. Fica depois a faltar a autorização do Banco Central Europeu.

 

O grupo chinês, que controla a Fidelidade e a Espírito Santo Saúde, já esteve na corrida pelo Novo Banco no concurso iniciado em Dezembro de 2014 e cancelado em Setembro do ano seguinte (onde, além da Fosun, estava a Apollo e a Anbang).

 

Mas é enquanto está a decorrer este processo de investimento do grupo no BCP, a um preço que ainda não foi divulgado publicamente mas que nunca será superior a 1,50 euros por acção, que acaba o processo de entrega de propostas vinculativas pelo Novo Banco. 

 

BPI e a pressão de capital do CaixaBank

 


O mesmo acontece com o Banco BPI. A instituição financeira liderada por Fernando Ulrich encontra-se sob uma oferta pública de aquisição (OPA) lançada pelo CaixaBank.

 

Uma operação que põe o grupo catalão sob pressão de capital: aliás, quando teve de subir a contrapartida de 1,113 euros para 1,134 euros, após a desblindagem dos estatutos do BPI, o CaixaBank financiou-se com a venda de acções próprias para não prejudicar os rácios de capital e cumprir as metas definidas no seu plano estratégico. Algo que é revelante quando um dos aspectos que interessa ao regulador é que a capitalização futura do Novo Banco seja assegurada pelo comprador. É um dos critérios para a escolha do Banco de Portugal. 

 

Têm sido divulgadas notícias dando conta de um desinteresse do CaixaBank no dossiê Novo Banco, mas nunca confirmadas oficialmente. Da Catalunha, a informação é que a prioridade é a concretização da OPA do CaixaBank ao BPI (que ainda aguarda o registo junto da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários). De Lisboa, veio o desmentido pela voz de Fernando Ulrich: "Quero desmentir de forma mais veemente que possa essas afirmações ou especulações. Se há matéria em que estamos completamente de acordo com o CaixaBank, ou antes, que eles estão de acordo connosco, é no que toca ao Novo Banco".

 

Mais interessados, um vindo da China

 

O Banco de Portugal nunca enunciou nomes mas revelou, no final de Junho, que havia quatro propostas não vinculativas. A carta do BCP, a proposta do BPI e depois mais duas ofertas: a Apollo, que já tinha sido uma finalista no primeiro concurso falhado de venda do Novo Banco, e que entrou num consórcio com a Centerbridge e a Loan Star. Nomes nunca confirmados pelo regulador. Estes são os interessados no processo de venda directa.  

 

Entretanto, também houve uma proposta vinda da China, o Minsheng Financial, mas no âmbito da dispersão de capital por um ou mais investidores. Nunca foi indicado se há mais grupos na corrida. A oferta foi feita quando o primeiro-ministro António Costa estava na China em visita oficial. O Governo tem, aliás, uma palavra mais forte a dizer sobre o processo tendo em conta que, agora, dois dos três membros são nomeados pelo Ministério das Finanças, quando antes era o Banco de Portugal que nomeava dois representantes. 

 

Esta sexta-feira, data final para a entrega de propostas vinculativas, o Banco de Portugal e a equipa de Sérgio Monteiro, que ganhou mais três meses para liderar o processo, vão ter uma noção do que é efectivamente oferecido. Será esta base que poderá permitir perceber se avança o procedimento de venda estratégica ou o de venda em mercado. Ou outras opções que possam estar em cima da mesa - há meses, a possibilidade de uma nacionalização do Novo Banco foi notícia sucessivas vezes e o próprio primeiro-ministro não a retirou de cima da mesa. 

 

De resto, do regulador, têm sido poucas as informações dadas sobre a alienação do Novo Banco, instituição constituída a 3 de Agosto de 2014 como herdeiro dos activos e passivos considerados saudáveis do BES. O primeiro concurso de venda fracassou com a crise chinesa (havia dois interessados com origem naquele país). O segundo foi lançado contendo dois procedimentos a correr em paralelo para alargar o leque de opções para um banco que tem como prazo de vida Agosto de 2017. 

 

No processo de venda do Novo Banco estão a assessorar o Deustche Bank, no campo financeiro, e a Vieira de Almeida e a Allen & Overy, no ramo jurídico. A contratação do banco alemão ainda não tem valores divulgados no portal Base, onde constam os custos com prestações de serviços das entidades públicas. A sociedade de advogados portuguesa vai já no terceiro contrato de 1,5 milhões de euros cada com o Banco de Portugal em dois anos. Os dois contratos com a Allen & Overy têm um valor que ascende a 2,1 milhões de euros. Estas duas entidades já asseguravam a assessoria jurídica no primeiro concurso. Já o Deutsche Bank substituiu o BNP Paribas, que tinha um contrato de 15 milhões de euros mas cuja execução ainda não foi revelada. 

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