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Bloomberg: Governo e credores estão no "jogo da galinha" em relação ao Novo Banco

As dúvidas dos detentores de obrigações de cuja troca depende o sucesso da venda do Novo Banco levam a Bloomberg a falar num medir de forças entre credores e autoridades nacionais.

Bruno Simão
24 de Julho de 2017 às 10:42
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As reticências de alguns dos obrigacionistas do Novo Banco em relação à troca de dívida subjacente à venda da instituição financeira podem pôr em causa a alienação do banco até Novembro, como pretendido pelo Banco de Portugal. Quem o diz é a Bloomberg, que cita alguns desses credores que recusam soluções que possam ser mais penalizadoras.

A Pacific Investment Management Co (Pimco), refere a agência noticiosa citado fontes não identificadas, está a ponderar recusar qualquer acordo que implique maiores perdas para a empresa. E a XAIA Investment, que detém obrigações e credit-default swaps do Novo Banco, diz que a questão decisiva é o que é que o Estado português considera "voluntário", no que respeita à troca de dívida. 

Para a Bloomberg, Governo e credores estão a jogar o "jogo da galinha" - numa alusão a uma situação em que os dois lados testam uma situação limite a ver quem cede primeiro.

A operação de troca de dívida, prevista no modelo de venda, deverá gerar 500 milhões de euros em capitalização do Novo Banco, no âmbito da transferência da instituição para o Lone Star.


Filippo Alloatti, da Hermes Investment Management, sugere a possibilidade de os reguladores poderem vir a decidir um "write down" da dívida, como aconteceu em Espanha com o Banco Popular. E fala mesmo no risco: de que a Lone Star abandone o acordo e o processo falhe. "Veremos se a venda falha ou se é realmente um ‘bluff’," disse Jochen Felsenheimer, director da XAIA Investment.

Uma das dificuldades à troca será, por outro lado, a avaliação que o banco faz das próprias obrigações: segundo Jerome Legras, investidor na Axiom Alternative Investments, o Novo Banco avalia estes títulos abaixo do seu valor o que leva a que os obrigacionistas tenham de aceitar um valor ainda mais baixo na troca de dívida para permitir o encaixe pretendido.


Desde a resolução do Banco Espírito Santo – cujos activos saudáveis foram colocados no Novo Banco – os obrigacionistas estimam ter perdido 4.000 milhões de euros, que levaram entidades como a XAIA, a Pimco, o Goldman Sachs e o Elliott Management a avançar para tribunal.

Segundo o Jornal Económico, dois dos investidores internacionais - a BlackRock e a Pimco - propõem ao Governo que lhes seja paga, para resolver o diferendo da transferência de dívida para o BES "mau", uma indemnização entre 750 e 1.000 milhões de euros, dinheiro que depois será reinvestido em dívida pública portuguesa.


Na sexta-feira o Governo clarificou ao Negócios que os grandes investidores prejudicados pela transferência de dívida do Novo Banco para o BES "mau" mostraram ao Executivo a vontade de chegar a um acordo para deixar cair os processos judiciais, uma informação transmitida ao Banco de Portugal, a quem está entregue a responsabilidade de fechar o dossier.

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