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Bloomberg: Bancos portugueses continuam na corda bamba

Apesar dos aumentos de capitais que têm sido realizados, os bancos portugueses ainda não estão fora de perigo.

Foi a 23 de Abril de 2016 que saiu a primeira notícia a dar conta de que os gestores da Caixa seriam uma excepção. O Expresso revelava que os salários da nova administração ficariam fora das limitações impostas aos gestores públicos. Nada era referido nesta, ou noutra notícia, sobre a entrega das declarações de património no Tribunal Constitucional. A alteração ao Estatuto do Gestor Público (EGP) foi aprovada apenas no Conselho de Ministros de 8 de Junho.
11 de Fevereiro de 2017 às 10:00
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O Banco Comercial Português, o maior banco de capital privado do país em activos, aumentou o seu capital em 1,3 mil milhões de euros, enquanto o banco estatal Caixa Geral de Depósitos deverá receber quase cinco mil milhões de euros, a partir de Março, do restante pacote de recapitalização acordado (5,16 mil milhões).

 

Enquanto isso, o Novo Banco, que surgiu a partir do Banco Espírito Santo, ainda carrega um aviso de "vende-se" mais de dois anos depois de ser colocado no mercado.

 

O sector bancário do país continua a cambalear quase três anos após Portugal ter terminado o resgate internacional. O crédito em risco nos bancos portugueses, que somava 32 mil milhões de euros no fim de 2015, ficou estagnado em cerca de 12% do total nos últimos dois anos. Isto depois de os oito maiores bancos de Portugal terem elevado em mais de 26 mil milhões de euros o seu capital entre 2008 e 2014, incluindo a ajuda estatal durante o auxílio internacional ao país e o resgate do Banco Espírito Santo, segundo o banco central.

 

"Estamos numa situação em que ainda lidamos com os mesmos problemas que tínhamos há anos, relacionados com a correcção dos balanços dos bancos e com a contabilização de imparidades por crédito malparado", disse Benjie Creelan-Sandford, analista bancário do Jefferies Group.

 

Mercados nervosos

As dificuldades do sector bancário pesaram na dívida soberana do país e as taxas de juro dos títulos a 10 anos de Portugal têm negociado em máximos de um ano.

 

Não ajudou o facto de o primeiro-ministro António Costa, que ainda não atingiu a meta estabelecida no ano passado de acabar com os problemas que penalizam o sistema bancário, ter sugerido que poderia nacionalizar o Novo Banco se as condições de venda fossem desfavoráveis. O Governo, altamente endividado, também disse que poderia seguir o exemplo do fundo de resgate bancário italiano.

 

"Qualquer solução para o sector financeiro e o seu impacto no balanço do governo serão observados atentamente", disse Federico Barriga, director de classificação soberana da Fitch Ratings. Portugal, cuja classificação se encontra num patamar considerado de "lixo" e que foi reafirmada pela Fitch, é um dos países mais endividados do mundo, realçou o mesmo responsável.

 

O primeiro-ministro assegurou no Parlamento, na quarta-feira, que o seu Governo está a trabalhar no assunto. "O que sabemos é que não há nenhum problema novo" no sistema financeiro "e que vários problemas antigos foram resolvidos ou estão em processo de serem resolvidos", disse António Costa.

 

Embora os aumentos de capital do BCP e da CGD aliviem um pouco a pressão, a baixa geração de capital interna e a má qualidade dos activos ainda preocupam, disse Roger Turro, director da Fitch Ratings para a banca.

 

"Neste contexto de incerteza, e considerando o histórico dos bancos portugueses, acho que ainda não é a altura de os investidores internacionais voltarem para Portugal", disse Diogo Teixeira, CEO da Optimize Investment Partners, firma com sede em Lisboa que gere 130 milhões de euros e não possui investimentos em bancos portugueses ou italianos. "Os bancos precisam de provar, trimestre a trimestre, que podem ser rentáveis" antes de isso acontecer.

 

"O desafio para os bancos portugueses, assim como para o sector bancário europeu como um todo, é a dificuldade em alcançar a rentabilidade de outros tempos", salientou Benjie Creelan-Sandford, da Jefferies.

 

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