Notícia
BIC Angola quer BPN Cabo Verde
A imprensa cabo-verdiana noticiou hoje que o Banco Internacional de Angola (BIC) "está prestes" a adquirir ao Estado português os activos do BPN-IFI em Cabo Verde.
Segundo a edição de hoje do semanário A Nação, o administrador do BIC, Fernando Teles, indicou que o negócio, a concretizar-se, abrirá portas aos dois principais accionistas, o português Américo Amorim e a angolana Isabel dos Santos, ambos com 25% do capital, à criação de um banco comercial de raiz no país.
Depois da Sonangol, do Banco Africano de Investimentos (BAI) e da Unitel (telecomunicações, com a aquisição da "T+"), escreve-se no jornal, é agora a vez do BIC, o maior banco privado angolano, apostar no mercado financeiro cabo-verdiano.
O BIC adquiriu por 40 milhões de euros o Banco Português de Negócios, entidade presente em Cabo Verde através de uma Instituição Financeira Internacional (IFI), na prática, uma 'offshore'.
Segundo fontes citadas pelo A Nação, o BIC pretende há muito abrir um banco comercial em Cabo Verde, tendo iniciado um processo de formalização do pedido de alvará junto do Banco de Cabo Verde (BCV).
Contactadas hoje pela agência Lusa, fontes do BCV nada adiantaram, nem mesmo se o banco central cabo-verdiano confirma que está à espera da conclusão de um estudo de mercado.
"O projecto, acrescenta-se no A Nação, faz parte dos planos de expansão em curso na empresa - Brasil, Namíbia e Zimbabué são outros mercados a explorar -, mas, apesar de, oficialmente, os gestores do BIC falarem apenas em interesse, o facto é que o banco luso-angolano vai instalar-se nos próximos tempos em Cabo Verde", escreve-se.
O jornal adianta que o BIC aguarda apenas 'luz verde' do Estado português para avançar com a absorção do BPN-IFI em Cabo Verde para, citando Fernando Teles, manter o mesmo modelo de negócio.
Citando também um especialista cabo-verdiano em mercados financeiros, o A Nação indica que a compra do BPN-IFI e a transformação em banco 'onshore' "pouparia muito tempo" na obtenção da licença de operação.
"Seja como for, o certo e que o BIC pretende entrar em Cabo Verde, trazendo uma vasta carteira de investimentos para as mais diversas áreas. Aliás, Angola dá cada vez mais sinais de querer apostar na economia nacional, fugindo um pouco do mercado português, onde já domina em quase todos os sectores", escreve-se na notícia.
Segundo o A Nação, o arquipélago cabo-verdiano "surge como uma das grandes alternativas à política económica expansionista" de Luanda, que "quer aproveitar a embalagem" para financiar as grandes obras previstas para os próximos tempos em Cabo Verde, colocando dois grandes bancos como "players" de referência - BAI, há quatro anos no país, e BIC.
O primeiro investimento de peso de Angola em Cabo Verde foi feito através da Sonangol, dona de 38% do capital da Enacol, parceira da Galp.
A Sonangol CV, com sede na ilha cabo-verdiana do Sal, adquiriu 5% da CV Telecom, parceira da Portugal Telecom, sendo ainda o maior accionista do BAI.
No final de 2012, a Unitel assumiu o controlo da operadora móvel cabo-verdiana 'T+', estando a empresária Isabel dos Santos ligada, assim, às duas principais empresas de telecomunicações de Cabo Verde.
O Governo cabo-verdiano já admitiu, por outro lado, ter sondado Angola para parcerias nas áreas dos transportes aéreos e energia.