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BdP avisa que banca tem liquidez "robusta", mas deve "ser prudente" em imparidades e capital
As "instituições devem ser prudentes na constituição de imparidades e na conservação de capital", diz o Banco de Portugal, ainda que reconheça que a banca apresenta uma "liquidez robusta".
O cenário da banca em Portugal é "favorável", com uma "liquidez robusta", no entanto, as "instituições devem ser prudentes na constituição de imparidades e na conservação de capital", alerta o Banco de Portugal, que recorda que a trajetória de descida dos juros diretores deverá ter um impacto negativo na margem financeira dos bancos.
"Apesar do cenário central favorável, as instituições devem ser prudentes na constituição de imparidades e na conservação de capital, reforçando a sua resiliência e a capacidade de financiar a economia em caso de choques adversos", salienta o supervisor liderado por Mário Centeno.
O BdP acredita que "o setor bancário verificou um ajustamento notável, em termos de liquidez, qualidade de ativos, eficiência e capital".
Em junho, o rácio total de fundos próprios e o rácio CET 1 ascenderam a 20,5% e 17,8%, respetivamente, 0,66 pp e 1,4 pp acima da Zona Euro. "Parte do ajustamento teve lugar durante um longo período de taxas de juro baixas, que condicionou significativamente a geração de rendimento por via da margem de juros. Em média, entre 2011 e 2021, a rendibilidade dos capitais próprios do setor foi de -3,1%", refere o BdP.
A instituição liderada por Mário Centeno recorda ainda que "nos últimos anos, níveis mais elevados de taxas de juro permitiram ao setor alcançar rendibilidades superiores para remuneração dos acionistas, reforço da sua resiliência e investimentos necessários para a sua viabilidade futura".
Neste contexto positivo, "a qualidade creditícia dos ativos bancários tem-se mantido estável", frisa o BdP.
Este retrato do Banco de Portugal acontece mais de um mês depois de ter entrado em vigor a reserva de risco sistémico sectorial, de 4% aplicada a bancos que utilizam o método de notações internas (IRB), reforçando a sua resiliência face a desvalorizações no mercado imobiliário.
O Banco de Portugal propõe-se fixar a percentagem da reserva contracíclica de fundos próprios em 0,75% do montante da exposição de crédito do setor bancário nacional ao setor privado não financeiro ponderada pelo risco.
A vice-governadora do BdP, Clara Raposo, explicou a necessidade de imposição destes requisitos como forma de precaver o risco, até porque "chegará o dia em que este risco se vai materializar", ainda que "as reservas que os bancos tem constituído tenham sido suficientes para os bancos fazerem frente a estes riscos".
Assim, esta é uma medida de cautela reforçada, tendo em conta que o BdP "tem visto valores bastante moderados" e tendo em conta que "os bancos tem reservas de gestão cofortaveis", acrescentou Clara Raposo.
(Notícia atualizada às 16:01 horas).