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BCE quer banco mau na Zona Euro para limpar malparado. Bruxelas põe travão

O FT avança que o BCE já realizou conversações com Bruxelas, que não acolhe a ideia, por causa das regras relativas às ajudas de Estado à banca.

A entidade liderada por Christine Lagarde anunciou, na semana passada, um programa de 750 mil milhões.
Kai Pfaffenbach/Reuters
Rita Faria afaria@negocios.pt 20 de Abril de 2020 às 11:19

O Banco Central Europeu (BCE) quer criar um "banco mau" na Zona Euro para limpar do balanço dos bancos milhares de milhões de euros de crédito malparado, numa altura em que a pandemia do novo coronavírus ameaça a capacidade das instituições de financiarem famílias e empresas.

De acordo com o Financial Times, o BCE já realizou conversações com altos responsáveis da Comissão Europeia sobre este tema, mas foi confrontado com uma forte oposição à ideia, já que Bruxelas não pretende quebrar as regras que exigem que as ajudas de Estado à banca só aconteçam após um processo de resolução que imponha perdas aos acionistas e obrigacionistas.

O FT adianta que as conversações foram levadas a cabo entre responsáveis do BCE e o departamento para a estabilidade financeira e mercados de capitais da Comissão Europeia, que terá argumentado que há melhores formas de lidar com o problema do malparado.

"Foi posto um travão do lado da UE", disse uma fonte ao FT, acrescentando, porém, que as conversações poderão ser retomadas dependendo da evolução da pandemia na região.

Um dos países que causa maior preocupação é a Grécia, onde o malparado representa 35% da carteira de créditos da banca, uma herança da crise financeira de 2009, que quase colocou o país fora da Zona Euro.

"A lição da crise é que só com um banco mau será possível livrarmo-nos rapidamente dos créditos não produtivos [NPL]", disse Yannis Stournaras, governador do Banco da Grécia ao Financial Times. "Pode ser europeu ou nacional. Mas precisa de acontecer rapidamente".

A ideia de criar um banco mau na região não é nova: foi proposta inicialmente por Andrea Enria, presidente do conselho de supervisão do BCE, no início de 2017, quando ainda era responsável da Autoridade Bancária Europeia. Na altura, o plano também enfrentou a oposição de Bruxelas, com base nos mesmos argumentos.

Nos 121 maiores bancos da Zona Euro, o malparado representa 3,2% do total das carteiras de créditos, mas países como Portugal, Grécia, Chipre e Itália têm esse rácio acima dos 6%.

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