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Banca italiana afunda perante receios com capitalização do Monte dei Paschi

Os receios de que o processo de recapitalização do banco possa estar ameaçado pela desistência de um dos interessados, além da indefinição política no país, estão a arrastar os papéis do sector financeiro italiano para fortes perdas.

02 de Novembro de 2016 às 16:21
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As dúvidas sobre o processo de recapitalização do banco mais antigo do mundo – o Monte dei Paschi, que necessita de uma injecção de liquidez avaliada em 5 mil milhões de euros – estão a levar a generalidade dos títulos da banca italiana a quedas pronunciadas esta quarta-feira, 2 de Novembro.

As maiores quedas entre os títulos financeiros – que estiveram durante a sessão a cair mais de 5% - cabem ao Monte dei Paschi, que chegou a tombar 10,17% depois de ontem o banqueiro italiano Corrado Passera ter retirado a sua oferta de recapitalização da instituição alegando falta de cooperação por parte do banco.

Os títulos do Monte dei Paschi chegaram a ver automaticamente suspensa a sua negociação em bolsa dada a magnitude das perdas, retomando depois a transacção.

As reacções em cadeia aos receios de que com a saída de Corrado Passera possa não haver investidores interessados em socorrer o banco levaram o Unicredit e a Banca Popolare de Milano a cair mais de 7%, enquanto a Banca Popolare Emilia Romagna e o Banco Popolare recuaram mais de 5,5%. A praça italiana está a perder mais de 2% pressionada por estes títulos.

De acordo com o jornal financeiro Il Sole 24 Ore, o conselho de administração do banco reuniu-se esta quarta-feira numa altura em que ainda decorre o roadshow internacional para a recapitalização da instituição.

A CNBC avançou ao início desta tarde que o regulador italiano dos mercados (Consob) estará a tentar juntar à mesma mesa a administração do banco e Passera numa tentativa de clarificar a situação.

Ontem, Passera queixou-se numa carta de não ter "condições mínimas" para prosseguir com a sua oferta, apesar de ter apresentado uma proposta de reorganização e revitalização "séria" e que daria um papel central aos actuais accionistas. Segundo este banqueiro, a sua proposta já tinha permitido juntar o interesse de investidores que trariam 2 mil milhões de euros para recapitalizar o banco.

Sem Passera, resta a solução desenhada pelo JP Morgan, que passa pela conversão em capital de até dois mil milhões de euros em dívida subordinada detida pelos obrigacionistas de retalho ou institucionais, tendo os restantes três mil milhões de ser angariados no mercado.

Em 29 de Julho, a horas de serem divulgados os testes de stress à banca europeia, o Monte dei Paschi anunciou um aumento de capital de 5.000 milhões de euros e a venda de uma fatia relevante do seu crédito malparado. Nos testes de stress, o Monte dei Paschi teve o pior desempenho entre as instituições analisadas pela Autoridade Bancária Europeia: perante condições de forte exigência, veria o seu capital praticamente desaparecer. 

A condicionar as negociações da bolsa milanesa esteve também a incerteza sobre o rumo que tomará o referendo constitucional, depois de hoje o ministro do Interior ter vindo admitir um adiamento daquela consulta pública, uma possibilidade afastada depois pelo gabinete do chefe de Governo.

(Notícia actualizada às 16:28)
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