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Antigo sócio de Berardo diz que Fundação é uma “fachada”

Francisco Capelo, antigo sócio do empresário Joe Berardo, garante, em carta aos deputados e a que o Expresso teve acesso, que os bancos conhecem desde 2012 os riscos das obras de arte que estão em exposição no Centro Cultural de Belém.

Lusa
11 de Julho de 2019 às 20:10
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Francisco Capelo Ramos do Rosário, colecionador que está na origem da coleção exposta no Centro Cultural de Belém, diz que a Fundação Berardo é uma "fachada" para tirar benefícios fiscais e que os bancos já sabiam desde 2012 que José Berardo tinha interesse em alienar aquelas obras de arte, avançou o Expresso, que teve acesso à carta enviada pelo antigo sócio do empresário aos deputados da comissão parlamentar de inquérito à gestão da Caixa Geral de Depósitos.

 

"E apesar de a coleção de arte ser o principal ativo que os bancos tinham para conseguirem ser ressarcidos dos empréstimos dados ao empresário, pouco fizeram até ao presente ano", sublinha.

 

"Entrei, em finais de 2012, em contacto com o Dr. João Vieira de Almeida, na sua qualidade de advogado dos três bancos com exposição ao Grupo José Berardo, oferecendo toda a minha colaboração relativamente à Coleção Berardo e alertando-o para os empréstimos de obras de arte designadamente feitos pelo Sr. José Berardo, nomeadamente a exposição feita em Miami com as obras de arte mais importantes da coleção, com o risco da sua venda", indicam as respostas, inscritas em sete páginas, e citadas pelo semanário.

 

Em causa estão a CGD, BCP e Novo Banco – "os três bancos que se juntaram em 2019, depois de tentativas de recuperação infrutífera das suas dívidas, e que avançaram com um processo de execução de 962 milhões de euros", explica o mesmo jornal. Como? Tentando chegar, nomeadamente, às obras de arte.

 

Para esse fim, a CGD, BCP e Novo Banco entregaram no Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa uma ação executiva para cobrar as dívidas de Joe Berardo. A ação tem como executados o empresário José Manuel Rodrigues Berardo (conhecido por Joe Berardo), a Fundação José Berardo, a Metalgest e a Moagens Associadas.

 

Um dos objetivos da ação é aceder às obras de arte da Coleção Berardo, sobre a qual o empresário tem um acordo com o Estado que determina que as obras de arte estejam em exposição no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, até 2022, não podendo ser vendidas. Berardo garante, contudo, que os bancos "têm apenas os títulos" da Associação.

 

Joe Berardo, recorde-se, diz ter "tentado ajudar os bancos". Mas acabou por ser um dos responsáveis por perdas avultadas nas instituições financeiras, deixando por pagar centenas de milhões de euros em créditos contraídos para comprar ações. Financiamentos que foram assegurados por títulos da Associação Berardo. Mas o empresário madeirense trocou as voltas aos bancos. Com um aumento de capital na dona das obras de arte, acabou por blindar estas garantias.

 

75% dos títulos da Associação Berardo, que detém as obras de arte da sua coleção, foram apresentados por Berardo junto dos bancos para reforçar as garantias aos financiamentos contraídos. Mas agora valem muito menos. "Não teria sido [diluído] se tivessem ido ao aumento de capital. As pessoas que gerem estas instituições não sabem o que fazem", ironizou Berardo no passado mês de maio, na sua audição na comissão parlamentar de inquérito à gestão da Caixa Geral de Depósitos (CGD).

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