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Sector automóvel sofre choque de expectativas com o Orçamento

"Sentimo-nos injustiçados, frustrados e revoltados. Mais uma vez, o automóvel é fustigado. Era a galinha de ovos de ouro, mas que já nem põe ovos". A análise qualitativa do presidente da Associação Nacional do Ramo Automóvel (ARAN), Jorge Neves da Silva, é elucidativa do impacto do Orçamento de Estado (OE) nas empresas do sector.

16 de Outubro de 2013 às 23:55
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Mas os adjectivos são consubstanciados em números que carregam sobre os impostos, como o IUC (Imposto Único de Circulação) e a tributação em IRC e IRS dos carros de serviço das empresas. E fazem temer as piores consequências.

O sector teve um autêntico choque de expectativas face ao que o Orçamento prevê, não só pelo que nele está inscrito, mas também pelas medidas que ficaram de fora. Recentemente, as associações do sector conseguiram que vários grupos parlamentares (nos quais se incluem os partidos que estão no Governo) aprovassem um pacote de medidas reivindicativas, do qual se destacavam os incentivos fiscais ao abate de viaturas em fim de vida.

Para Neves da Silva, a penalização que as empresas têm com o OE de 2014 levará a falências e a mais desemprego no sector, e tem como consequência directa o aumento dos "biscates", sobretudo no segmento da reparação, que "alimentam a economia paralela".

O líder da ANECRA alerta ainda que às medidas que incidem directamente sobre o sector, acrescem os efeitos indirectos da perda de rendimentos das famílias.

Também o secretário geral da ACAP (Associação Automóvel de Portugal), Hélder Pedro, reagiu à Lusa: "Mais uma vez o sector automóvel é o sector penalizado em termos de agravamento da carga fiscal. É o sector em que as vendas caíram 50% em três anos e que tem mais uma vez a carga fiscal aumentada, o que é uma perfeita discriminação".

Empresas: o pilar perde força

Nas empresas, como a Toyota, a ressaca do OE está a viver-se com um sentimento de "desilusão". O maior impacto sobre a venda de carros, segundo o director de vendas da marca nipónica em Portugal, Sousa Campos, dar-se-á pelo aumento da tributação nos carros de serviço das empresas. As vendas para este segmento representam cerca de 40% das vendas totais para a Toyota. A medida irá ter duas consequências, na óptica de Sousa Campos. "Em primeiro, haverá uma redução dos parques automóveis , e em segundo haverá um "downgrade das marcas escolhidas para serem taxadas pelo mínimo do imposto".

Sousa Campos mostra-se ainda mais preocupado com as medidas gerais do OE que diminuem o dinheiro disponível para as famílias, e que segundo o gestor levarão a uma "quebra de vendas" generalizada.

 
Parlamento aconselhou mas o Governo não ouviu

Em Abril deste ano, a ACAP conseguiu juntar 6.500 assinaturas para que uma petição em que estavam inscritas as principais reivindicações do sector fosse discutida pelo Parlamento. A finalidade era que as propostas estivessem incluídas na discussão do OE de 2014. A primeira etapa foi concluída com distinção. PS,PSD, PP e PCP deram forma a um conjunto de dez medidas que enviaram para ser analisadas pelo Governo, com o intuito de reanimar uma actividade que perdeu metade das vendas em apenas três anos. Destacavam-se deste conjunto de ideias a criação de uma linha de crédito específica de apoio às tesourarias das empresas, e a reintrodução de incentivos de apoio ao abate de veículos em fim de vida. As empresas quiseram, o Parlamento até sonhou que seria possível, mas esta "obra" foi arquivada pelo Governo.

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