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Quercus diz que fabricantes automóveis manipulam dados de consumo de combustível

A organização ambiental reporta uma alegada manipulação dos dados relativos à eficiência do consumo de combustível por parte das fabricantes automóveis na Europa. A percentagem de diferença é, em média, de 42%. E os consumidores podem vir a pagar cerca de 450 euros "a mais", por ano, em combustível.

Miguel Baltazar/Negócios
Negócios 20 de Dezembro de 2016 às 23:00
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De acordo com o estudo "Mind The Gap 2016" divulgado esta terça-feira, 20 de Dezembro, pela Federação Europeia dos Transportes e Ambiente (T&E), o consumo real de combustível dos veículos é superior ao que é anunciado pelas fabricantes. A percentagem de diferença é, em média, de 42%. 

 

"A manipulação dos dados de eficiência no consumo de combustível por parte das fabricantes de automóveis é motivo de desilusão para os condutores europeus, cujos veículos consomem mais combustível do que o anunciado em meios de publicidade. Isto significa que um condutor típico gasta, em média, cerca de 450 euros a mais por ano em combustível, comparando com os  valores de consumo publicitados pelos fabricantes de automóveis", frisa a Quercus em comunicado.

 

"A Quercus lamenta que, uma vez mais, as fabricantes de automóveis estejam a enganar os condutores e em total incumprimento das regras ambientais", sublinha a Direcção Nacional.

 

A organização pretende que a Comissão Europeia e as autoridades nacionais de homologação de veículos investiguem as fabricantes do ramo automóvel, no sentido de avaliar a possível existência de dispositivos que adulterem os resultados dos testes de consumo de combustível conduzidos em ambiente de laboratório.

 

A Mercedes é a empresa do sector com o maior valor de diferença entre o consumo dos veículos na estrada e o consumo medido em laboratório. A fabricante apresenta uma disparidade de 54%. No entanto, os modelos Classe A e E atingem uma diferença "inexplicável" de 56%.

 

O estudo aponta para a existência de "lacunas" e "flexibilidades" nos testes de eficiência de combustível em laboratório, sendo portanto variáveis que permitem uma diferença explicável entre os valores de teste e os valores reais. No entanto, conforme se pode ler no documento, "é impossível explicar disparidades superiores a 50% no consumo de combustível entre laboratório e estrada".

 

As diferenças entre valores de consumo medidos em laboratório e na estrada são uma realidade que tem vindo a aumentar nos últimos anos. O actual valor médio de 42% é 28% superior ao registado há três anos, salienta a T&E.

 

Com efeito, no contexto europeu, as fabricantes automóveis apresentam disparidades de valores de consumo de 42%, acima dos 28% registados em 2012 e dos 14% de há 10 anos.

 

Além da Mercedes-Benz, a Audi também está no topo da diferença de valores de consumo de combustíveis, com valores a rondar os 49%. A Fiat encontra-se no fundo da lista das fabricantes automóveis. A fabricante italiana apresenta uma diferença de 35% entre os valores de consumo apurados em laboratório e os valores registados na estrada.

 

No sector dos transportes, a T&E aponta para os automóveis como sendo a maior fonte de emissões, responsáveis por 15% das emissões de CO2 no espaço europeu. A legislação europeia exige aos fabricantes que limitem as emissões médias dos seus veículos até um máximo de 130 gCO2/km até 2015 e 95 gCO2/km até 2021. A partir do próximo ano espera-se que sejam definidos novos limites para aplicar até 2025.

 

A Quercus evidencia que não têm ocorrido melhorias na eficiência dos veículos em circulação nas estradas europeias nos últimos quatro anos. A organização responsabiliza os fabricantes que manipulam os valores de emissões registados em laboratório, em vez de desenvolverem os seus veículos no sentido de os tornar mais eficientes.

 


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