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Produção de automóveis cai para metade e ACAP reclama descida do IVA
As fábricas portuguesas produziram 15.965 veículos automóveis no mês em que retomaram a produção. A ACAP pede que o Governo siga o exemplo de outros países e anuncie um plano de apoio ao setor.
Após uma quebra homóloga inédita de 95,7% em abril, quando foram produzidos apenas 1.238 veículos em Portugal, em maio registou-se uma queda de 50,6%, para 15.965 unidades.
Em abril, as fábricas permaneceram encerradas devido à pandemia da covid-19, tendo a Autoeuropa laborado apenas três dias e a Caetano Bus concluiu a produção de seis autocarros.
Em maio as restantes fábricas retomaram a atividade de forma gradual – a PSA de Mangualde, a segunda maior fábrica automóvel do país reabriu a 7 de maio mas só com os turnos completos a partir de 25 de maio, a Fuso do Tramagal recomeçou a produção em pleno a 4 de maio.
Autoeuropa vê produção recuar mais de metade
A Autoeuropa, maior fábrica nacional do setor, fechou maio com 12.093 veículos produzidos, uma queda homóloga de 51,8%.
Já a PSA de Mangualde registou um decréscimo de 43,7%, para 3.312 unidades, enquanto a Fuso sofreu uma quebra de 48,5%, produzindo 551 veículos.
A Toyota Caetano não produziu qualquer unidade, sendo que em maio do ano passado tinham saído das suas linhas de produção 260 comerciais ligeiros. A Caetano Bus produziu nove viaturas, quando um ano antes a produção havia sido nula.
Nos primeiros cinco meses do ano a produção automóvel cifra-se em 94.407 viaturas, uma quebra de 39,2% face a igual período de 2019, ano em que foi atingido um recorde histórico com 345.668 veículos a saírem das linhas de produção nacionais.
A Autoeropa acumula uma queda de 40,8%, para 69.968 automóveis, ao passo que a PSA regista um decréscimo de 33,1%, para 21.391 veículos. Ambas as fábricas alcançaram recordes de produção em 2019.
A Fuso produziu 2.556 viaturas nos primeiros cinco meses, um recuo de 39%, enquanto a Toyota Caetano soma 453 veículos, menos 54,7%. A Caetano Bus já produziu 39 unidades, mais 38 do que em igual período de 2019.
ACAP reivindica ação do Governo
No comunicado emitido esta segunda-feira, 15 de junho, a ACAP assinala ser "urgente que o Governo português implemente um plano de incentivo à procura no nosso setor, como já fizeram os Governos francês, alemão e hoje mesmo o espanhol".
Entre as medidas solicitadas, a ACAP pede um "incentivo ao abate de veículos em fim de vida o que levaria à renovação do parque automóvel e iria dinamizar o mercado assim como asseguraria os níveis de produção da nossa indústria".
Reclama também "uma redução temporária da taxa de IVA, na compra de automóveis, como forma de dinamizar a procura".
No comunicado, a associação do setor automóvel "lamenta que o Governo, tendo em conta a queda da produção automóvel assim como das vendas no nosso país, ainda não tenha tomado uma decisão equivalente à que foi tomada pelos Governos francês, espanhol ou alemão".
Em abril, comentando os números do primeiro trimestre, o secretário-geral da Associação Automóvel de Portugal (ACAP) admitiu ao Negócios que em abril a queda seria próxima de 100% e estimava uma retoma gradual.
"Será muito difícil que a produção automóvel nacional este ano não caia pelo menos 25%", disse Helder Pedro. Uma queda de 25% traduzir-se-á em menos 86,4 mil veículos produzidos.