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Piech: O CEO que juntou a Volkswagen com a Porsche morreu aos 82 anos
Ferdinand Piech, antigo CEO e chairman do grupo Volkswagen, morreu, aos 82 anos.
Ferdinand Piech, o antigo "chairman" e presidente executivo que transformou a Volkswagen numa das maiores fabricantes automóveis do mundo, e depois saiu abruptamente mesmo antes do início dos escândalos históricos que assolaram o setor, morreu aos 82 anos.
Piech morreu no último domingo, 25 de agosto, numa clínica da Baviera depois de ter estado num restaurante, segundo o jornal alemão Bild, citado pela Bloomberg. A sua mulher, Ursula Piech, confirmou entretanto, através de uma declaração escrita, que o seu marido morreu "de repente e de forma inesperada", de acordo com a agência de informação alemã.
O neto de Ferdinand Porsche, cuja empresa de engenharia lançou as bases para o fabricante do corro 911 sports, tornou-se CEO da VW em 1993, quando a empresa estava atolada em prejuízos. Atormentado com problemas de qualidade e custos elevados, a Volkswagen regressou aos lucros, produzindo veículos melhores sem cortes de empregos de larga escala, com Piech a conquistar a fidelidade de sindicatos e acionistas.
Piech continuou a orientar a estratégia depois de se tornar presidente do conselho de supervisão em 2002. A sua gestão de estilo autoritário sede de aquisições ajudaram a VW a crescer e a tornar-se uma potência automóvel que vendeu mais do que a Toyota Motor Corp. três anos antes de se tornar na maior fabricante automóvel do mundo.
A sua maior conquista foi a aquisição da marca Porsche em 2012. A compra foi a última etapa na transformação dos planos do seu primo, Wolfgang Porsche, que tinha tentado que a fabricante de carros desportivos comprasse a VW quatro anos antes. Piech ficou ao lado do estado da Baixa Saxónia, que possui uma participação de bloqueio na VW, para rejeitar a oferta da Porsche, numa altura em que a dívida do oferente estava a aumentar devido ao esforço da aquisição.
"A sua conquista mais significativa foi ter construído a maior e mais bem-sucedida companhia automóvel do mundo", afirmou John Wolkonowicz, um historiador automóvel que trabalhou dentro VW na Alemanha como consultor na década de 1990. "E ele construiu-a do nada."
Volkswagen Beetle
A combinação da VW e da Porsche uniu os fabricantes e entrelaçaram as raízes deixadas pelo avô de Piech, que desenvolveu o original VW Beetle sob um contrato com a Alemanha nazi, em 1934.
Sob o comando de Piech, a VW entrou no mercado de carros de luxo com a compra das marcas Bentley e Bugatti. Ao mesmo tempo, reforçou a integração na VW das marcas Skoda e Seat, mais dirigidas ao mercado de massas. Até o final de 2012, a Volkswagen possuía controlo total ou maioritário de 12 marcas de veículos, incluindo o fabricante do supercarro Lamborghini, fabricantes de caminhões pesados MAN e Scania e a fabricante de motocicletas Ducati.
A sua obsessão por carros - e o desejo de fazer o melhor possível, independentemente do preço - também custaram muito à VW dinheiro. Os "flops"sedã Phaeton, Bugatti Veyron
e o A2 da Audi, foram três das 10 maiores perdas de dinheiro da história automóvel moderna, segundo estimativas de Max Warburton, um analista da Sanford C. Bernstein & Co. Este é o pior registo da indústria.
Desfrutando de um grupo de seguidores dentro da empresa, Piech muitas vezes conseguiu o que queria quando perdeu a confiança nos gestores, forçando a saída de uma série de executivos, incluindo o seu sucessor, escolhido a dedo como CEO, Bernd Pischetsrieder, em 2006. O conselho de supervisão desafiou a sua liderança, em abril de 2015, defendendo a extensão do contrato de Martin Winterkorn como CEO, contra os desejos de Piech. Piech renunciou como "chairman" naquele mês.
"Se eu quero conseguir algo, aproximo-me do problema e empurro-o sem perceber o que está a acontecer à minha volta", escreveu na sua autobiografia de 2002. "O meu desejo de harmonia é limitado."
(Notícia atualizada às 9:50 com mais informação)