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Escolas de condução apelam à intervenção do Governo para travar “dumping” no setor
A Associação Nacional de Escolas de Condução Automóvel (ANIECA) reitera a criação de um “observatório de preços” do setor e alterações legislativas para combater as práticas anticoncorrenciais existentes nesta atividade.
"Infelizmente, temos registado alguns exemplos de ‘dumping’ nas escolas de condução. Sabemos quantificar os custos de produção na formação rodoviária, pelo que não podemos ignorar que existem empresas a vender claramente abaixo do custo que têm", começa por denunciar António Reis, presidente da Associação Nacional de Escolas de Condução Automóvel (ANIECA).
"Isto afeta o setor como um todo: organizações que perdem clientes para as que levam a cabo esta prática eticamente reprovável, e os formandos que se arriscam a comprar um serviço pior. O Estado acaba por ser lesado também nesta situação, pois os impostos cobrados são inferiores, comparativamente aos que cobraria caso o serviço fosse vendido pelo seu valor real", alerta o mesmo dirigente associativo, em comunicado.
Ora, a ANIECA tem uma ferramenta no seu site que simula gastos associados aos serviços de ensino rodoviário, sendo que, apesar de ser uma ferramenta maioritariamente dedicada ao apoio à gestão dos associados, "tem permitido detetar situações em que os serviços para a obtenção da carta de condução são prestados com prejuízo", nota a associação.
A ANIECA "tem ainda pedido reiteradamente à Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT) a criação de um Observatório de Preços", cujo objetivo é precisamente "o de detetar situações de ‘dumping’ e também de desajustamento do preço das cartas de condução, para proteger o consumidor", lembrando que esta ferramenta "foi fundamental para combater a subida de preços dos alimentos, através do Observatório de Preços Agroalimentar criado em 2023".
Ainda com o objetivo de combater as práticas anticoncorrenciais no setor, a ANIECO propõe também alterações ao Decreto-Lei nº166/2013, incluindo a clarificação da definição de venda com prejuízo, conhecida como "dumping", que no geral se aplica apenas a produtos e não aos serviços, como é o caso da formação rodoviária.
"A legislação que trata o tema do ‘dumping’ aplica-se maioritariamente aos setores da venda de produtos, onde os gastos na produção são quantificáveis. No entanto, na formação rodoviária, os custos também são facilmente calculáveis: preço do combustível, custo da hora de trabalho de instrutores, valor dos veículos, entre outros", sinaliza a ANIECO.
"Parece-nos muito relevante e urgente a alteração ao DL nº166/2013 para que se possa englobar também os serviços cujos custos são quantificáveis, como é o caso nas escolas de condução. Queremos proteger os nossos associados e o consumidor final das práticas como o ‘dumping’", preconiza António Reis, adiantando que a associação que lidera irá enviar à tutela a sua proposta de alteração ao decreto em causa.
"Esperamos que seja bem recebida", remata o presidente da ANIECA.
Constituída em 1960, a ANIECA apresenta-se como "a maior e mais antiga associação do setor do ensino da condução", garantindo que conta com "mais de 600 associados, representando mais de 730 escolas de condução em todo o país", e que formou e atualizou "mais de 1.000 instrutores e dirigentes em 2024".